Tido como a maior pré-venda da Warner Bros. Pictures Brasil, o primeiro longa live-action da boneca mais famosa do mundo fez bonito antes mesmo de sua estreia nacional. Com orçamento de 145 milhões USD e tendo a bela atriz Margot Robbie como protagonista, o filme ‘Barbie’ é leve, divertido, abraça o consumismo e até reconhece os erros e acertos da fabricante Mattel. Aparentemente simples, mas abordando questões reais complexas, o roteiro de ‘Barbie’ mostra a protagonista – que vivia em um mundo perfeito chamado Barbieland – tendo que ir ao mundo real tentar descobrir o motivo dela estar triste e com pensamentos estranhos. Curioso é que o mundo da Barbie possui os cenários que recriam exatamente todos os brinquedos que acompanhavam as várias versões da boneca ao longo dos anos e claro, nada lá funciona de verdade pois até a água da piscina é falsa. A recriação também se reflete na movimentação dos personagens nesse mundo já que, entre outros, Barbie desce flutuando de seu quarto no segundo andar para o chão já que no brinquedo a criança ao mover a boneca faz exatamente o mesmo movimento.
Categoria: Críticas
Crítica I Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte I
Depois do aclamado – e da bilheteria bilionária – de Top Gun: Maverick, Tom Cruise consegue de novo e firma-se como o maior astro da atualidade em Hollywood. Nesse sétimo capítulo da franquia do cinema que começou em 1996 (sendo derivado da série de TV de 1966) o ator que também é produtor, mostra literalmente o mesmo fôlego visto nas películas anteriores e de forma crescente se coloca cada vez mais em riscos reais já que dispensa dublês nas várias cenas de ação. No filme, agora dividido em duas partes, o agente secreto Ethan Hunt reúne sua equipe para evitar que uma tecnologia de Inteligência Artificial caia nas mãos de pessoas erradas, trazendo um dilema real da nossa sociedade com o crescente avanço desse polêmico recurso. Tanto o elenco principal com o de apoio estão em sintonia e até a dupla Benji Dunn (Simon Pegg) e Luther Stickell (Ving Rhames) são o alívio cômico sem exageros e na medida certa para não comprometer a tensão imposta pelo excelente roteiro. Por falar em roteiro, este é assinado também pelo diretor Christopher McQuarrie (Missão: Impossível – Efeito Fallout – 2018 / Missão: Impossível – Nação Secreta – 2015) que em total sintonia com Cruise, dirige com maestria todas as esplendorosas cenas de ação do longa.
Uma grande adição a equipe foi a atriz Hayley twell (a agente Peggy Carter do universo da Marvel) que aqui faz a ladra Grace a qual em pouco tempo cai nas graças dos antigos membros da equipe IMF (Impossible Mission Force). Irreconhecível sem a maquiagem de Mantis (integrante dos Guardiões da Galáxia) está a atriz Pom Klementieff que agora faz a vilã Paris que muito atrapalha os planos de Hunt dada a sua grande habilidade em lutas marciais e manuseio de armas, mostrando versatilidade e potencial para um grande futuro em Hollywood. ‘Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte I’ inova, mas sem se esquecer de grandes referências e participações de personagens do passado e claro, sempre incorporando sequências onde o telespectador é tomado de surpresa pela retirada das famosas máscaras de disfarce como também pelas corridas desenfreadas de Cruise (no auge de seus 60 anos durante a filmagem do longa) com o vigor de uma atleta olímpico disputando os 100m rasos em uma olimpíada.
Crítica I The Flash
Várias realidades (Multiverso) e viagem no tempo estão na moda e porque não unir esses dois conceitos e fazer um filme? O resultado é o filme ‘The Flash’ já que o herói título tem poderes que permitem muito bem esse casamento. Anunciado oficialmente desde o ano de 2014, o longa ‘The Flash’ passou por diversos roteiristas e datas de estreia, tendo sofrido bastante – ao exemplo de várias produções da época – com a paralisação imposta pela pandemia de covid-19. No Ceará e em outros estados do Brasil – como também internacionalmente -, foram disponibilizadas pela Warner Bros. para a crítica especializada duas versões do longa, sendo a primeira trazendo um corte inacabado da película e a segunda justamente a edição oficial dos cinemas, sendo esta última a que este crítico teve acesso. Novamente é essencial nos reportarmos à recente reformulação da DC Films (ver matéria aqui) onde agora James Gunn e Peter Safran estão mapeando um “plano de oito a 10 anos” para a DC no qual o longa ‘The Flash’ ainda foi produzido e filmado justamente antes dessa mudança de comanda, com o controverso Walter Hamada na função de CEO da produtora. Baseado na HQ de grande sucesso ‘Flashpoint’, os roteiristas tiveram uma grande liberdade criativa para alterar pontos chaves da história com destaque para inclusão da Supergirl (a excelente atriz Sasha Calle a qual desbancou a brasileira Bruna Marquezine para o papel) no lugar do Superman em um universo paralelo no qual Barre Allen (Ezra Miller) volta no tempo para salvar sua mãe trazendo mudanças desastrosas no futuro daquela realidade.
Crítica I SHAZAM! Fúria dos Deuses
A situação da sequência de SHAZAM! é complexa pois o longa ainda foi produzido justamente quando o controverso CEO da DC Films, Walter Hamada, ainda dava as cartas. Como amplamente divulgado, a DC Films sofreu uma grande reformulação (ver matéria aqui) e agora o chefão das ideias criativas é o querido James Gunn (Guardiões da Galáxia 1, 2 e 3) o qual optou por um HARD REBOOT em todos os heróis, com novas histórias e escalações de atores, ignorando totalmente o que vinha sendo feito até então. Sim, a DC Films vai agora começar do zero toda a narrativa de seus principais personagens, iniciando com o vindouro ‘Superman: Legacy’ que trará um ator mais jovem para o papel e que possivelmente será dirigido por Gunn que também assina o roteiro. Como se não bastasse, a história de SHAZAM! é sabidamente difícil de se fazer continuações já que o herói é na verdade um adolescente que vira adulto ao gritar seu nome, entretanto, na vida real, os atores crescem muito rápido o que de fato vimos em ‘SHAZAM! Fúria dos Deuses’ já que o ator Asher Angel – de vinte anos – já está quase do tamanho de Zachary Levi (o que não é tarefa fácil).
Crítica I John Wick 4: Baba Yaga
Incrível como o filme original de John Wick (John Wick – De Volta ao Jogo – 2014) criou um novo conceito nos filmes de ação e com isso fez brotar uma legião de fãs que se encantaram com aquela sociedade secreta de assassinos underground coexistindo com suas próprias regras bem debaixo de nossos narizes. A entrega de Reeves ao papel título foi total, tanto na parte do treinamento com armas como nas cenas de luta de mãos vazias e a cada continuação esse patamar era elevado pelo diretor Chad Stahelski o qual foi dublê de Reeves na franquia Matrix. Por falar em lutas, agora o anti-herói se vale muito de suas pernas para finalizações, lembrando claramente o estilo de luta da Vingadora Viúva Negra da Marvel interpretada pela atriz Scarlett Johansson. Nesse quarto capítulo, John Wick continua sua saga de vingança contra a Alta Cúpula, contando com velhos e novos aliados em várias belas locações ao redor do mundo como Berlim, Japão, Paris e Nova York, tudo com uma majestosa fotografia que já virou marca da franquia. Para os aficionados por armas, Wick no terceiro ato utiliza uma nova pistola lançada em 2023 que nos EUA custa impensáveis U$ 7.000 do modelo TTI Pit Viper 1000 (foto) que com os impostos e variação do câmbio não arrisco por quanto chegaria aqui para os brasileiros – afortunados – importadores.
Crítica I M3GAN
Convenhamos, a ideia de uma inteligência artificial ser tão aprimorada ao ponto de se voltar contra humanos está longe de ser algo original, entretanto, é sempre bom revisarmos o tema sob uma nova perspectiva. Bom, é o que o longa ‘M3GAN’ se propõe já que agora é um brinquedo – mais precisamente uma boneca – que começa a tomar suas próprias decisões. Mas esqueçamos as semelhanças com Annabelle e também com o boneco Assassino Chucky pois o sobrenatural é deixado pra trás e de fato agora é a tecnologia a grande vilã da história. A trama é rasa, onde uma cientista de criação de uma grande empresa de brinquedos resolve desenvolver uma boneca com inteligência própria para ajudar a sua sobrinha a superar a recente perda de seus pais em um trágico acidente de carro. Gemma (Allison Williams do excelente e premiado ‘Corra’), a tia cientista, se vale de um projeto que estava ‘engavetado’ e o finaliza com uma rapidez impressionante e bingo, temos a companhia perfeita para a pequena órfã Cady (Violet McGraw). A ideia do longa partiu do aqui produtor James Wan (diretor de ‘Aquaman’, ‘Saw’, ‘Insidious’, ‘The Conjuring’) que teve o projeto recusado pela Warner Bros. justamente por já ter em seu catálogo a franquia Annabelle. Com isso, Wan levou o material ao produtor Jason Blum, da Blumhouse Productions, que trabalha com os estúdios da Universal Pictures e então o longa teve seu sinal verde.
Em ‘M3GAN’ – Model 3 Generative ANdroid – os roteiristas, para surpreender o público, fizeram com que a personagem título não perseguisse a sua dona, muito pelo contrário – a protegesse de tudo e todos e justamente por causa dessa superproteção (pra lá de exagerada) é que os problemas começam a surgir. Existe uma referência sutil para os mais velhos em ‘M3GAN’ onde a cientista criadora da cyborg solicita que ela trave e siga com seus olhos de câmera uma caneta em movimento onde temos uma homenagem (ou cópia?) do que ocorreu no clássico filme ‘Robocop’ de 1987 enquanto eram realizados testes naquela máquina. Destaque para a interpretação da boneca realizada pela atriz e dublê de corpo Amie Donald a qual, pelo seu passado de dança, realiza fisicamente o que poucas atrizes mirins poderiam de fato fazer. Vale inclusive ressaltar que no longa, temos uma intrigante coreografia de dança durante uma matança e pasmem, também nos deliciamos com a boneca cantando a famosa música ‘Titanium’ de David Guetta em clara alusão à sua própria composição corporal. O diretor Gerard Johnstone (Housebound – 2014) faz um bom trabalho a não exagerar nos cortes nas cenas de ação, deixando-as com mais fluidez, contudo, suavizando alguns elementos gore com a clara intenção de não ter a censura aumentada.
Crítica I Adão Negro
Depois de uma década tentando levar o anti-herói à telona, finalmente Dwayne Johnson conseguiu trazer o personagem Adão Negro (em inglês Black Adam) aos cinemas no que, segundo ele, no filme mais importante de sua carreira. Pertencente ao universo de personagens da DC Comics – detentora também de Superman, Batman, Mulher Maravilha, Aquaman, entre outros – esse anti-herói teve sua primeira aparição nos quadrinhos das páginas de ‘The Marvel Family #1’, publicada em dezembro de 1945, entretanto, mais tarde, seus direitos foram adquiridos pela DC Comics no ano de 1973. Os anos se passaram e Black Adam teve sua estreia na nova Editora somente em 1994, na graphic novel ‘The Power of Shazam’, como antagonista do herói titulo e se firmando como o mais famoso inimigo do Shazam. Muito poderoso, Adão Negro rivaliza até com o Superman pois além de seus poderes serem semelhantes, ele ainda dispõe de magias para as quais, o mais famoso sobrevivente de Krypton, ainda não possui defesa. Para a direção desse importante filme, que tem a missão de fazer bonito nas bilheterias para incentivar – e pagar – novos projetos da DC, foi chamado o diretor francês Jaume Collet-Serra que já tinha trabalhado com Dwayne Johnson em ‘Jungle Cruise’ (idem – 2021) e nos bons ‘A Órfã’ (Orphan – 2009) e ‘Águas Rasas’ (The Shallows – 2016).
Acordado após um sono (ou será prisão?) de cinco mil anos, Adão Negro (Dwayne Johnson) se encontra na fictícia Kahndaq, sua cidade natal, agora, apesar de modernizada, contando ainda com problemas de exploração e dominação que possuem raízes milenares. Tentando entender o contexto atual, o anti-herói vai buscar trazer o que ele entende como ser justiça para aquele povo, mas também atraindo, ao fazer isso, a atenção de outras poderosas pessoas ao redor do mundo que pretendem detê-lo. Se o expectador quer ação, ‘Adão Negro’ vai ser um deleite aos olhos pois em todos os seus três atos temos sequencias de lutas carregadas de CGI – impecável – que são alucinantes e não deixam espaço para diálogos demasiadamente extensos. Muito a vontade no papel, Johnson, parece ter conseguido do estúdio a permissão para não suavizar o personagem, pois diferente dos heróis clássicos, Adão Negro não tem dilemas morais quanto a matar qualquer um que cruze seu caminho. Como dito pelo próprio ator em recente entrevista, os heróis e vilões atuam respectivamente em áreas brancas e pretas, mas existe uma área cinza que é justamente onde atua o seu Adão Negro.
Crítica I Top Gun: Maverick
E lá se vão 36 anos desde ‘Top Gun – Ases Indomáveis’ (Top Gun – 1986), longa que de fato levou o ator Tom Cruise ao estrelato mundial e fez muita adolescente – hoje quarentona – afixar o astro de jaqueta e óculos de sol na parede de seu quarto (e armário). Naquela época, a canção “Take My Breath Away” fez igualmente um estrondoso sucesso mundial, embalando momentos românticos de muitos casais e de quebra, no ano seguinte, faturando o Oscar de melhor canção original pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Com a nova produção, a talentosa Lady Gaga é a encarregada de trazer a atmosfera romântica com a canção ‘Hold My Hand’ (Lady Gaga), que deve concorrer mais uma vez ao Oscar, mas por já ter ganhado uma estatueta com ‘Shallow’ – canção do filme ‘Nasce Uma Estrela’ – fica bem mais distante uma nova premiação a Gaga ainda que ela seja a atual queridinha de Hollywood. Durante décadas – segundo o próprio Tom Cruise – em toda divulgação de seus demais filmes em uma carreira de extremo sucesso, o astro era sempre indagado por uma sequência de Top Gun e apesar de não ter uma resposta, o ator afirmava se ela viesse a acontecer, ele de fato gostaria de pilotar os jatos de verdade nessa eventual continuação.
Crítica I Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
O longa ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’ com o próprio nome diz, é a mais recente tentativa – bem sucedida – da Marvel de construir e explicar o seu conceito de Multiverso. Justamente por isso, o telespectador que não viu o longa ‘Homem-Aranha- Sem Volta pra Casa‘ (Spider-Man: No Way Home – 2021) e as recentes séries de TV do Disney+, WandaVision (2021) e Loki (2021) – entre outros – ficará totalmente perdido e sem entender as motivações dos personagens, notadamente as da vilã. Sim, agora a mola propulsora do bom roteiro é o instinto de mãe de Wanda Maximoff ou melhor, Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), que ainda inconformada com a ‘perda dos filhos’ ocorrida em sua série de TV, busca em outros universos uma versão de si mesmo em um contexto de felicidade familiar. Ao melhor estilo ‘os fins justificam os meios’, a Feiticeira Escarlate terá que enfrentar agora o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e Wong (Benedict Wong) que tentarão proteger a nova personagem America Chavez (Xochitl Gomez) já que esta é parte fundamental dos planos da poderosíssima antagonista. O todo poderoso da Marvel, Kevin Feige, tentando sempre inovar em suas produções, chamou para a direção o veterano Sam Raimi, famoso por dirigir a trilogia original do Homem-Aranha com Tobey Maguire, entretanto, poucos sabem de sua verdadeira raiz no terror pois sua carreira começou com a direção da trilogia ‘Uma Noite Alucinante’ (1981-1993), ‘Darkman: Vingança Sem Rosto’ (Darkman – 1990) e ‘Arrasta-me para o Inferno’ (Drag Me to Hell – 2009). A excelente direção de Raimi nesse tipo de filme de fato trouxe um estilo novo ao longa, com câmeras rápidas, muitos sustos e uma atmosfera que em muitos momentos a audiência vai mesmo pensar que está vendo um filme clássico de terror.
Depois de Doutor Estranho original e de várias participações em filmes da Marvel, Benedict Cumberbatch está super confortável com seu papel, e mesmo não precisando disso, pois possui uma bela carreira, o ator veio a ficar conhecido – e lembrado – mundialmente com o personagem do Mago mais famoso dos quadrinhos o qual o acompanhará possivelmente por toda a sua vida. Tivemos o retorno do interesse romântico do Feiticeiro encarnado pela boa atriz Rachel McAdams, encarnando versões diferentes da Dra. Christine Palmer, mas a novidade no elenco ficou mesmo com a introdução da heroína que abre portais entre os Multiversos, America Chavez, vivida pela atriz canadense, Xochitl Gomez, que havia participado da série ‘Baby-Sitters Club‘, da Netflix. Entretanto, o destaque mesmo em ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’ fica a cargo da agora vilã Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) que mais poderosa e determinada, vem cativando os fãs de maneira surpreendente desde a sua introdução em ‘Vingadores: Era de Ultron’ (Avengers: Age of Ultron – 2015). A competente atriz Elizabeth Olsen consegue trazer toda a carga emocional de suas motivações na qualidade de mãe, assim como entrega excelentes cenas de ação ao passo que também imprimi medo com o seu olhar característico que sabemos que algo – não muito bom – acontecerá em seguida. A trilha sonora é outro ponto alto do filme onde o diretor Sam Raimi – sem surpresas – chamou novamente seu antigo parceiro e colaborador, o cantor e compositor Danny Elfman (vocalista da extinta banda Oingo Boingo da música ‘Stay’) , o qual mostrou ainda uma excelente forma ao nos brindar com uma trilha que casa com maestria com tudo o que estamos vendo na telona.
Crítica | Morbius
Não pude me fazer presente na cabine de imprensa do filme ‘Morbius‘, portanto, o assisti na ocasião da estreia nacional já sendo bombardeado com uma grande reação negativa da crítica internacional em relação ao longa. Por mais que o crítico na hora de escrever deva isolar os efeitos de qualquer avaliação inicial ao produto – mantendo-se inteiramente blindado e neutro -, permanece em sua mente aquela curiosidade mórbida (com perdão do trocadilho…) no sentido de aferir se de fato aquela determinada produção é realmente tão problemática. A origem do anti-herói ocorreu em uma participação nos quadrinhos na edição The Amazing Spider-Man # 101 (outubro de 1971), na história conhecida como ‘Saga dos seis braços’ mas foi no desenho animado Spider-Man: The Animated Series (no Brasil, Homem-Aranha) exibido de 1994 a 1998 que ele de fato ficou conhecido do grande público. No filme ‘Morbius’, o roteiro foi fiel quanto a origem do personagem, mostrando o gênio Dr. Michael Morbius (Jared Leto) tentando fundir o DNA humano com o de um morcego na desesperada corrida contra o tempo para se curar de uma rara doença em seu sangue.
Crítica I O Filho Único do Meu Pai
Indiscutivelmente berço do humor nacional, o Ceará há décadas vem fomentando e exportando para o resto do Brasil – com extremo sucesso – nomes icônicos e belas produções nesse segmento. Rodado inteiramente em Fortaleza, ‘O Filho Único do Meu Pai’ é a mais nova arma desse arsenal humorístico, buscando com uma linguagem leve – e sem exagerar nas famosas gírias locais – cativar o público com boas risadas. O enredo é focado na rotina de Lucas (Jotapê Lima – que também assina o roteiro), um desmotivado analista de logística, que após ter flagrado sua então namorada (Beatriz Feitosa) na cama com outro, passa a ver menos graça ainda em sua já monótona vida. Em seu trabalho, ao passo que Lucas tem que administrar sua desgastada relação com um chefe (Robério Diógenes) egocêntrico e manipulador – rendendo boas risadas – este encontra em fantasiar com a ‘colega sensual do trabalho’ seu único momento de ‘prazer’.
Tudo vira de pernas para o ar quando, inesperadamente, o protagonista recebe a visita inusitada de seu pai (Hiroldo Serra), um ator aposentando que logo percebe que seu filho ‘Lulu’ tomou uma série de decisões erradas nos últimos anos, portanto, algo deve ser feito. No segundo ato, o longa apresenta diversas situações engraçadas envolvendo a dinâmica da relação entre pai e filho, muitas delas em tomadas externas homenageando pontos turísticos da ‘Terra do Sol’, como a icônica Ponte dos Ingleses, apelidada carinhosamente pelos cearenses de Ponte Metálica. Entretanto, a iluminação artificial das tomadas internas apresenta um tom ‘escurecido’ podendo não agradar ao grande público, ainda que isto possa ter sido uma opção da direção – na pós produção – de aplicar uma palheta de cores dark que retrate a ‘vibe deprê’ da qual o protagonista está vivenciando.
O enredo ainda encontra lugar para participações pontuais e bem contextualizadas como a dos talentosos Mano Alencar e Totonho Laprovitera, ícones e orgulho dos cearenses em seus respectivos segmentos. Com um final previsível mas gratificante, ‘O Filho Único do Meu Pai’ é um filme despretensioso que alcança seu evidente objetivo: agradar ao público que busca momentos de boas risadas. Lançado nos cinemas no final de 2021, o longa agora está disponível nas plataformas digitais como Apple TV, Google Play, Vivo Play e Looke.
Alexandre Carvalho – Editor
Bom
Ficha Técnica:
Título: O FILHO ÚNICO DO MEU PAI (IDEM)
País/Ano/Duração: BRASIL, 2021, 96 min.
Classificação: Livre
Gênero: Comédia
Direção: Dado Fernandes
Roteiro: Jotapê Lima
Produção: D1 Realizações e Sinfronio Produções
Estúdio: ND
Distribuição no Brasil: D1 Realizações
Estreia: 23/09/2021
Elenco: Jotapê Lima, Hiroldo Serra, Robério Diógenes, Larissa Goes, Matheus Franklin, Beatriz Feitosa, Hiramissa Serra, Daniele Soares, Pedro Domingues, Gilson Tenório, Willian Mendonça
Crítica I Batman
A Adaptação para o cinema do personagem Batman – criado pelo desenhista Bob Kane e pelo escritor Bill Finger em 1939 – teve, como sabemos, altos e baixos. Depois da excelente estreia na telona em 1989 com o longa ‘Batman’ – com a direção de Tim Burton e tendo o ator Michael Keaton na pele do morcego vigilante – o personagem experimentou muitas pesadas críticas nos anos seguintes notadamente pelo tom pastelão da era do diretor Joel Schumacher (falecido em 2020) que, pasmem, incluiu até ‘bat-mamilos’ no traje do personagem. Para botar ordem na casa e termos uma abordagem mais realista, foi chamado o talentoso diretor Christopher Nolan (Amnésia, Tenet, A Origem) que iniciou com ‘Batman Begins’ (idem – 2005) uma trilogia excessivamente aclamada pelo público e crítica. Surpreendentemente, logo após a produção de ‘Liga da Justiça’ (Justice League – 2017) a Warner Bros. entregou a direção e roteiro de um novo Batman justamente para o ator que estava vivendo o personagem naquela produção: Ben Aflleck. Problemas particulares na vida do ator (separação conjugal e luta contra o alcoolismo) suspenderam o projeto mas naquela altura um roteiro já havia sido escrito. Nesse sentido, a produtora chamou para dirigir aquele projeto, o competente diretor Matt Reeves (Planeta dos Macacos, Deixe-me Entrar) o qual aceitou a arriscada missão mas exigindo que ele colaborasse com um novo roteiro, tudo para que somente a sua visão do personagem fosse filmada, sem as ideias de uma história já pronta, contendo abordagens que não conteria seu DNA. Finalmente, em fevereiro de 2022, Reeves nos entrega um Batman ainda mais realista e tendo por ironia do destino o ator Robert Pattinson, que foi lançado em Hollywood pela saga Crepúsculo vivendo o vampiro Edward, dando vida icônico personagem.
Crítica | Matrix Resurrections
E se passaram 22 (vinte e dois) anos desde que ‘Matrix’ (idem – 1999) abalou o mundo do cinema em 1999, estabelecendo novos padrões de filmagens e efeitos visuais inéditos até a época ao passo que lançavam as diretoras Lana Wachowski e Lilly Wachowski (na época ainda eram chamados de Andy e Larry) para o estrelato. Como o filme original teve um enorme sucesso, foram feitas duas sequências mas com recepções mornas pela crítica e público: ‘The Matrix Reloaded’ e ‘The Matrix Revolutions’, ambas em 2003. Agora em 2021 a diretora Lana Wachowski (sim, Lilly ficou de fora) nos entrega o quarto filme da saga com a missão tanto de agradar o público antigo do longa original como também angariar novos fãs que eram muito jovens em 1999 mas que irão comprar ingresso para esse filme outros no futuro. Incrivelmente os trailers não entregaram muito da trama mas certamente adiantaram que o casal famoso da trilogia, Neo (Keanu Reeves) e Trinity (Carrie-Anne Moss) não morreram como nos levou a crer o terceiro ato de The Matrix Revolutions. Quem não retornou – pasmem – foi o ator Laurence Fishburn pois agora o enigmático personagem Morpheus foi interpretado pelo bom Abdul-Mateen II, famoso pelo vilão Black Mamba em ‘Aquaman‘ (idem – 2018). Como não poderia deixar de ser, ‘Matrix Resurrections’ é repleto de referências ao longa original chegando a inclusive passar cenas do filme de 1999 em uma telona como se fosse um filme dentro de outro filme. A diretora e também roteirista Lana Wachowski traz um enredo que abraça sem qualquer vergonha a desconstrução do que se tornou a franquia após terem se passado mais de duas décadas, citando por exemplo a própria empresa Warner Bros. (estúdio que produz o longa) em um diálogo entre os personagens. Interessante e controversa foi também a decisão da diretora de deixar de usar a palheta de cor esverdeada – amplamente utilizada quando os personagens estão dentro da Matrix – para diferenciar o mundo criado digitalmente do real. Nada em ‘Matrix Resurrections’ é ‘preto no branco’ pois essa área cinza, ambígua e complexa é trazida constantemente para a trama – atenção para o personagem do agente Smith – o que para alguns pode ter propositadamente raiz na própria vida particular da talentosa diretora que é uma mulher transgênero.
Crítica I Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa
Desde ‘Vingadores: Ultimato’ (Avengers: Endgame – 2019) que não se via um hype para um filme de fato tão gigantesco. Teorias sobre participações especiais, enredo, novos trajes, quem morreria são apenas alguns dos questionamentos feitos ao longo dos meses por blogueiros e websites especializados. Espertamente a Disney – a qual detém temporariamente os direitos do personagem o qual pertence mesmo a Sony – soltou muito pouco material durante esse período, deixando mesmo as grandes surpresas para o telespectador da telona (sim, o filme foi lançado somente nos cinemas e as plataformas de streaming dessa vez ficaram de fora). O fato é que muita foto ‘vazada’ do filme nesse período ao longo dos meses era de fato verdadeira, entretanto, como hoje em dia tudo é facilmente manipulável, o público não levou muito a sério (sic). Tarefa difícil foi mesmo evitar os spoilers por aqueles que realmente não queriam saber nada antes da estreia pois essas pessoas teriam que ter ficado afastadas da internet de uma forma talvez nunca ocorrida. Tudo isso teve um fim em 16 de dezembro de 2021 – sim, o filme estreou por aqui 1 (um) dia antes dos EUA -, quando o aguardado ‘Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa’ foi finalmente lançado no Brasil, quebrando recordes de ingressos antecipados e causando dificuldades nos servidores que hospedavam a venda desses tickets.
Dirigido mais uma vez pelo linear Jon Watts, ‘Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa’ começa exatamente quando o anterior termina, onde Peter Parker tem que lidar com as sérias consequências de ter sua identidade revelada para o mundo pelo vilão Mistério, alterando drasticamente a vida de todos que o cercam. Justamente esse fardo que amigos e familiares passaram a carregar é que de fato se apresenta como a mola propulsora do enredo escrito por Chris McKenna e Erik Sommers, onde temos um protagonista se sentindo bastante culpado pelas novas dificuldades criadas pela sua vida dupla então exposta. Nesse cenário de tristeza e culpa, Peter (Tom Holland) pede auxílio ao mago Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch já muito a vontade no personagem) que através de um feitiço mal conduzido, abre portais de um multiverso onde heróis e vilões são trazidos para a realidade do herói. Vale ressaltar que esse conceito de multiverso já foi muito bem apresentado pela animação ganhadora de Oscar, ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ em 2019, aclamada pelo público e crítica.
Crítica I Eternos
Se já é difícil transpor dos quadrinhos para a telona alguma história (com competência) de um herói conhecido do grande público, imagine agora a complexidade de introduzir 10 (dez) meros desconhecidos com características tão distintas. Bom, essa é a árdua missão da diretora chinesa Chloé Zhao em ‘ETERNOS’, filme do universo da MARVEL mas que rompe drasticamente com o formato já conhecido da ‘casa das ideias’ que vinha dando certo – e lucros – ao longo de 13 anos com incríveis cifras em relação à bilheteria mundial. Os ‘ETERNOS’ foram criados por Jack Kirby e fizeram sua primeira aparição em ‘The Eternals #1′ em julho de 1976 e com exceção dos aficionados por quadrinhos, essa equipe de heróis é bastante desconhecida até por quem gosta do tema. Esse time de heróis foi concebido pelos seres intergalácticos e incomensuravelmente poderosos chamados de Celestiais com a intenção de proteger os habitantes da terra (e de outros mundos) dos vilões Deviantes, criaturas que mais se assemelham a dragões alienígenas que vêm criando problemas desde o início da criação de nosso mundo. Sim, como o próprio nome indica, os Eternos não envelhecem e acompanham a história da humanidade como meros observadores, com ordens de não interferirem nas questões humanas como guerras e fome a não ser que estas tenham alguma relação com os Deviantes.