Crítica | Morbius

Não pude me fazer presente na cabine de imprensa do filme ‘Morbius‘, portanto, o assisti na ocasião da estreia nacional já sendo bombardeado com uma grande reação negativa da crítica internacional em relação ao longa. Por mais que o crítico na hora de escrever deva isolar os efeitos de qualquer avaliação inicial ao produto – mantendo-se inteiramente blindado e neutro -, permanece em sua mente aquela curiosidade mórbida (com perdão do trocadilho…) no sentido de aferir se de fato aquela determinada produção é realmente tão problemática. A origem do anti-herói ocorreu em uma participação nos quadrinhos na edição The Amazing Spider-Man # 101 (outubro de 1971), na história conhecida como ‘Saga dos seis braços’ mas foi no desenho animado Spider-Man: The Animated Series (no Brasil, Homem-Aranha) exibido de 1994 a 1998 que ele de fato ficou conhecido do grande público. No filme ‘Morbius’, o roteiro foi fiel quanto a origem do personagem, mostrando o gênio Dr. Michael Morbius (Jared Leto) tentando fundir o DNA humano com o de um morcego na desesperada corrida contra o tempo para se curar de uma rara doença em seu sangue.

Não precisamos dizer que o experimento não sai como o esperado e como consequência de sua cura, o cientista, ao passo que desenvolve habilidades sobre humanas, passa a ter a necessidade de consumir sangue humano constantemente para se manter vivo. O primeiro ato de ‘Morbius’ é competente ao mostrar com flashbacks sua difícil infância tendo que lidar com a séria enfermidade, indo até a fase adulta em sua última tentativa de criar um soro – ignorando questões éticas e legais – para uma improvável cura antes da morte iminente. O conflito interno do anti-herói que para sobreviver tendo que consumir e possivelmente matar seres humanos é bem retratado na telona e o ator Jared Leto faz o que pode com seu papel em uma história que a partir do segundo ato se perde justamente quando o protagonista passa a obter seus novos poderes. O que fica evidente, pelas cenas dos trailers que jamais foram vistas na edição final, é que o filme sofreu severos cortes para tentar se enquadrar tanto nos eventos de ‘Venom: Tempo de Carnificina‘ como de ‘Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa‘ para talvez, criar uma Sonyverso minimamente coerente com o que já foi mostrado anteriormente.

O elenco, apesar de contar com nomes competentes como o do ator Matt Smith (Doctor Who), que infelizmente – por conta do roteiro – nos traz um vilão genérico e sem profundidade, é mal aproveitado e dirigido e não nos importamos em nenhum momento com as subtramas que envolvem os demais personagens. Some-se a isso a participação ‘só para constar’ de Tyrese Gibson (franquia Velozes & Furiosos) que interpreta um investigador desvendando o óbvio e um interesse romântico a cargo da atriz Adria Arjona que possui a química de uma porta com sua tartaruga de areia no piso. ‘Morbius’, antes de mais nada, é um filme de vampiro, mas por questões de censura e bilheteria não vemos sangue em nenhum momento, nem mesmo, pasmem, nas cenas de ação em combates contra humanos sendo massacrados violentamente pelo anti-herói. Os efeitos especiais em CGI no geral são bons, entretanto, exageram na ‘fumacinha roxa’ mostrada toda vez que o personagem se movimenta em velocidade, muito semelhante ao teletransporte amplamente já visto na telona pelo mutante Noturno dos X-Men.

O terceiro ato é um desastre total, culminando com uma batalha final previsível e sem criatividade, deixando o telespectador frustrado mas de certa forma aliviado por saber que o final está próximo. Por falar em desfecho, o longa conta com duas cenas pós-créditos extremamente desconexas, que mais complicam do que explicam algo e jamais alcançam o objetivo dessas inserções que é justamente o deixar o expectador ávido por uma sequencia e próximos acontecimentos. Morbius é um personagem complexo e com uma origem muito criativa e que poderia se materializar em um dos melhores spin-offs do Homem-Aranha na telona, mas que por vários motivos nos entregou um resultado final que ficou muito a desejar, entretanto, podendo ainda render uma boa bilheteria mundial apesar das críticas negativas. Vale salientar, que até o fechamento dessa crítica, o famoso website Rotten Tomatoes o qual faz um aparato geral das notas e avaliações de filmes, apresentava um previsível e baixo percentual da crítica especializada de 17% mas um bom 70% de aprovação justamente pelo público pagante, podendo repetir o ‘efeito Venom’ que pela alta bilheteria acabou rendendo uma – fraca – sequencia. É esperar para ver…

Alexandre Carvalho – Editor

 Regular

Ficha Técnica:
Título: MORBIUS (IDEM)
País/Ano/Duração: Estados Unidos, 2022 , 108 min.
Classificação: 14 anos
Gênero: Ação, Aventura
Direção: Daniel Espinosa
Roteiro: Burk Sharpless, Matt Sazama
Produção: Avi Arad, Lucas Foster, Emma Ludbrook, Louise Rosner, Matt Tolmach
Estúdio:
Columbia Pictures, Marvel Entertainment
Distribuição no Brasil: Sony Pictures
Estreia: 31/03/2022
Elenco: Jared Leto, Matt Smith, Adria Arjona, Jared Harris, Al Madrigal, Tyrese Gibson