Crítica | Venom: Tempo de Carnificina

O primeiro ‘Venom’ (idem – 2018) inaugurou justamente a seção Críticas em nosso espaço virtual – a qual você pode conferir aqui – pena que com um longa feito às pressas e repleto de problemas. Entretanto, o ‘carisma’ do famoso antagonista do Homem-Aranha era tão grande que o longa, pasmem, foi um grande sucesso de bilheteria arrecadando cerca de mais de U$ 850 milhões ao redor do mundo e claro, uma sequência era inevitável. Agora, em outubro de 2021, chega às telonas ‘Venom: Tempo de Carnificina’, longa com maior orçamento e desejando repetir o sucesso comercial do filme original, levando-se em conta, obviamente, o período de restrição e distanciamento das poltronas das salas de exibição imposto ainda pelo Covid. ‘Venom: Tempo de Carnificina’ é uma continuação direta do anterior e agora temos a oportunidade de vermos mais da dinâmica entre Eddie Brock (Tom Hardy) e o alienígena Venom, tentando coabitar o mesmo corpo com personalidades tão distintas. É justamente esse caso de amor e ódio que resulta o maior acerto de ‘Venom: Tempo de Carnificina’, pois o ator Tom Hardy consegue imprimir um humor na medida certa o que rende vários e divertidos diálogos entre ambos.

Enquanto o hospedeiro Eddie Brock tenta ocultar a existência do simbiótico, buscando levar uma vida próxima de uma tênue normalidade, Venom somente pensa em alimento (cérebros humanos para ser mais preciso) e em fazer a diferença nesse mundo ansiando por ação e uma existência que marque sua presença aqui na terra. Curioso foi a saída simples que a produção encontrou para sincronizar os diálogos do ator com o seu álter ego apenas ocultando um ponto eletrônico em Hardy com alguém dos bastidores lendo as falas do alienígena. O roteiro – e o próprio título – já entrega que o vilão da vez é o Carnificina (Woody Harrelson), o que inclusive já tem sua origem igualmente revelada nos famosos trailers de divulgação do longa tirando uma boa surpresa que deveria ter sido deixada para espectador da telona. Aliais, a cena de Carnificina (Woody Harrelson) fugindo da penitenciária, mostrada demoradamente nos trailers e spots de tv, se apresenta justamente como a melhor sequencia de ação de toda a produção. A história de ‘Venom: Tempo de Carnificina’ possui a profundidade de um pires onde o vilão busca vingança de alguns desafetos do tempo de seu encarceramento ao passo que tenta eliminar o simbiótico Venom – tido como seu ‘pai’ – tendo em vista que o personagem do serial killer Cletus Kasady degusta o sangue de Brock criando uma espécie de mutação do personagem título.

O ator Woody Harrelson, famoso por encarnar personagens desajustados, encarna um bom vilão mas sobrou mesmo (novamente) para a talentosa atriz Michelle Williams que com falas bobinhas e carinha de criança que se perdeu no parque é totalmente mal aproveitada e não faria falta se retirada estrategicamente da trama (inclusive me pergunto qual seria a motivação da atriz em topar retornar a um papel tão insignificante). Com direção de Andy Serkis (Mogli: Entre Dois Mundos – 2018), imortalizado por ter feito magistralmente a captura de movimentos do personagem Gollum na trilogia ‘O Senhor dos Anéis’, o longa se desenrola tentando, sem sucesso, corrigir os equívocos do anterior. ‘Venom: Tempo de Carnificina’ é um filme curto (1h 30min) e nos apresenta mais do mesmo, com uma narrativa que pode ser considerada até uma comédia romântica, mas pasmem, não entre Anne Weying (Michelle Williams) e Eddie Brock (Hardy) e sim, entre Venom e Brock.

A verdade cristalina é que o espectador deseja ver no cinema a interação realizada com enorme sucesso nos quadrinhos entre o Homem-Aranha e Venom, para esquecer o vexame da tentativa mostrada na telona no filme ‘Homem-Aranha 3’ de 2007, agora com a grandiosa parceria entre a Sony e o universo criado pela MARVEL que apresentou o ator Tom Holland na pele do Amigo da vizinhança. Sim, o público quer ver Holland e Hardy dividindo a mesma telona e isso não é de todo impossível pois os estúdios, já sabendo desse anseio, estão tentando amarrar as pontas soltas através de novos acordos entre a Sony (detentora dos direitos do Homem-Aranha e vilões) e a MARVEL (que se utiliza do Aranha em suas produções) para viabilizar o esperado encontro. Nesse emaranhado de concessão de direitos e cifras, não esqueçamos do vindouro filme do anti-herói Morbius (Jared Leto) que apesar de inúmeros adiamentos tem seu lançamento (até o momento) previsto para 28 de janeiro de 2022. Finalmente, vale lembrar que ‘Venom: Tempo de Carnificina’ possui uma boa e intrigante cena pós-crédito a qual, para muitos, poderá funcionar como o único motivo para se conferir o longa.

Alexandre Carvalho – Editor

 Regular

Ficha Técnica:
Título: VENOM: TEMPO DE CARNIFICINA (VENOM: LET THERE BE CARNAGE)
País/Ano/Duração: Estados Unidos , 2021 , 90 min.
Classificação: 14 anos
Gênero: Ação, Ficção Científica
Direção: Andy Serkis
Roteiro: Kelly Marcel, Todd McFarlane
Produção: Tom Hardy, Kelly Marcel, Amy Pascal, Hutch Parker, Matthew Tolmach, Avi Arad
Estúdio:
Marvel Entertainment, Pascal Pictures, Sony Pictures Entertainment
Distribuição no Brasil: Sony Pictures
Estreia: 07/10/2021
Elenco: Tom Hardy, Michelle Williams, Woody Harrelson, Naomie Harris, Stephen Graham, Reid Scott, Peggy Lu