Crítica | Abigail

Violento e deliciosamente divertido, contando com uma bailarina vampira, é o novo ‘Abigail’ que estreia dia 18 de abril nacionalmente e que já tive a oportunidade de assistir antecipadamente na cabine de impressa. Sim, os famigerados trailers – indevidamente – já trataram de estragar uma boa surpresa da trama que é justamente termos uma garota de 12 anos que se converte de uma frágil presa para uma feroz predadora ávida por sangue, mesmo plot da obra de 1936 também da Universal, ‘Dracula’s Daughter’, na qual se baseou o filme. O gênero ‘gore’ vem tentando sempre se reinventar a cada incursão na telona e aqui de fato temos uma nova abordagem nesse segmento pois o que não falta no longa são cenas extremamente sangrentas que literalmente – e propositadamente – sujam até a lente da câmera de filmagem dando a impressão que aquela carnificina saiu do controle até de seus realizadores. O enredo de ‘Abigail’ é raso e traz um grupo de sequestradores que inicialmente pensam estarem capturando uma jovem bailarina (Alisha Weir) de família abastada a espera de um resgate de 50 milhões de dólares, mas acabam entrando em um jogo mortal de gato e rato. Com o desenrolar da trama, logo percebem que são eles os confinados naquela mansão na qualidade de alimento e diversão para a jovem ‘sequestrada’ a qual na verdade é uma vampira que vaga pela terra há vários séculos.

Nessa abordagem, a vampira é imune a crucifixos e alhos, mantendo a sua franqueza de fato somente a raios solares e às velhas estacas no peito as quais agora fazem os tinhosos explodirem na tela como se tivessem engolido uma granada sem pino. A atriz Alisha Weir já tinha mostrado seus dotes de dança no longa da Netflix ‘Matilda: O Musical’ e agora em ‘Abigail’ o diretor explorou bastante essa qualidade pois várias cenas de balé são de fato realizadas por Alisha inclusive as quais a pequena vilã persegue suas vítimas enquanto realiza passos de dança deliciosamente macabros. O longa, possivelmente embalado pelo fenômeno da série da Netflix ‘Wandinha’, fez questão de incluir uma coreografia de dança na vampira mirim talvez na esperança desses movimentos serem também replicados em plataformas digitais pelo público feminino ao exemplo do que ocorreu amplamente na aclamada série do streaming. A produção marca o reencontro da atriz Melissa Barrera e os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, após ‘Pânico 5 e 6‘, pois de fato a atriz é o grande destaque do elenco de apoio que conta também com Dan Stevens (O Hóspede – 2014), Kathryn Newton (Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania – 2023) e Angus Cloud (Euphoria), falecido prematuramente em julho de 2023 e homenageado ao final da produção.

Nos EUA o longa recebeu a classificação Rated R (Restrito) que equivale a 18 anos e no Brasil de forma inesperada a película obteve a censura 14 anos que é a mesma de Duna: Parte 2 o qual não possui as cenas sangrentas de ‘Abigail’. O filme seria melhor apreciado se na sua edição tivesse ocorrido um corte em sua duração por volta de 15 min. já que seus 109 min. atuais, para o gênero, se confirmou um pouco prolongado. Com um modesto orçamento que girou em torno de US$ 28 milhões‘Abigail’ não tem grandes pretensões, mas certamente irá se pagar e ter um excelente lucro pois está acima da média das produções do gênero já que soube mesclar um excelente humor, violência e sangue nas doses tenebrosamente certas.

Alexandre Carvalho – Editor 

Bom

Ficha Técnica:
Título: ABIGAIL (IDEM)
País/Ano/Duração: Estados Unidos, 2024 , 109 min.
Classificação: 14 anos
Gênero: Terror, Suspense
Direção: Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillett
Roteiro: Guy Busick
Produção: Paul Neinstein, William Sherak, James Vanderbilt, Chad Villella, Tripp Vinson
Estúdio:
Universal Pictures
Distribuição no Brasil: Universal Pictures do Brasil
Estreia: 18/04/2024
Elenco: Melissa Barrera, Dan Stevens, Kathryn Newton, William Catlett, Kevin Durand, Angus Cloud, Alisha Weir