Crítica | Duna: Parte Dois

Uma sequência grandiosa e inesquecível como em ‘O Senhor dos Anéis: As Duas Torres’ (The Lord of the Rings: The Two Towers – 2002)! Programado inicialmente para ser uma trilogia, ‘Duna: Parte Dois’ finalmente estreia nacionalmente com grande expectativa dos fãs já que vem arrematando críticas internacionais esmagadoramente positivas. Prova disso foi a obtenção de recordes como o da pontuação de 9.4/10 do IMDB – um dos maiores bancos de dados de filmes e séries da internet, tornando-se a maior classificação de todos os tempos naquele portal com mais de 1,3 mil avaliações, ultrapassando o filme ‘Um Sonho de Liberdade’ (The Shawshank Redemption – 1994), que recentemente ocupava a primeira posição dentre todos os avaliados. Sim, ‘Duna: Parte Dois’ é uma continuação direta do primeiro longa de 2021 e é obrigatório que tenhamos primeiramente visto o filme original para entendemos e desfrutarmos da magnitude dessa audaciosa continuação. A direção visionária de Villeneuv – que também é corroterista – continua irretocável podendo facilmente ter uma indicação ao Oscar de 2025 e que caso o cronograma inicial de lançamento da Parte Dois tivesse sido mantido em novembro de 2023, o diretor estaria na lista dos indicados desse ano com muita justiça.

‘Duna: Parte Dois’ é maior e mais ousado do que o original – o que já é um grande feito – onde o elenco formado por Timothée Chalamet (Paul Atreides) Zendaya (Chani) e Rebecca Ferguson (Lady Jessica) está todo bem mais a vontade com destaque a excelente química do casal principal, agora com a narrativa explorando justamente essa relação que teve início no terceiro ato de ‘Duna Parte Um’. O vilão psicótico Feyd-Rautha (Austin Butler tentando se desvencilhar de ‘Elvis’) está aterrorizador no papel onde o ator já havia revelado ema entrevista que adorou interpretar o antagonista nessa sequência. No papel de Princesa Irulan, sem muito tempo de tela, estava a atriz Florence Pugh (Viúva Negra – 2021) – estreando na franquia – mas que pelo desenrolar de ‘Duna: Parte Dois’ certamente terá um papel fundamental e com mais destaque na vindoura e agurdada Parte Três. O enredo de ‘Duna: Parte Dois’ continua a jornada de mãe filho naquele planeta que possui as cobiçadas especiarias, onde Lady Jessica (Rebecca Ferguson) e Paul Atreides (Timothée Chalamet0) encontram os nômades guerreiros Fremen, tentando ganhar sua confiança para integrar aquele grupo de oposição aos implacáveis invasores. Tudo que foi muito bem estabelecido no primeiro longa – mas que não foi possível ter um desenvolvimento apropriado – aqui é muito bem aprofundado ao passo que através da inclusão de novos personagens na trama é criada igualmente uma necessidade de sabermos mais dessa fantástica saga. Fica cristalino a existência de uma jornada do herói bem semelhante a vista em ‘Matrix’ (idem – 1999), envolvendo profecias como a do ‘escolhido’ que irá salvar a todos, com os usuais crédulos e com os mais desconfiados que não acreditam que Atreides seja esse líder. Inclusive, ainda nesse contexto, temos o personagem Stilgar interpretado por Javier Bardem funcionando e com diálogos exatamente como eram o do confiante e icônico Morpheus (Laurence Fishburne) da trilogia de 1999.

trilha sonora está impecável e é assinada pela lenda viva Hans Zimmer, a qual antes mesmo do lançamento do longa, já estava disponibilizada pela Water Tower Music na plataforma YouTube. As cenas de batalha no deserto são magníficas, mesclando um perfeito CGI com efeitos práticos com maestria além de uma fotografia majestosa e para aqueles que queriam ver mais Vermes da areia, a boa notícia é que eles aparecem bastante nessa sequência inclusive auxiliando em alguns momentos chaves a resistência formada pelos guerreiros Fremen. Tecnicamente ‘Duna: Parte Dois’ é impecável, seja pelo seu figurino, designer de produção ou fotografia, entretanto, apenas gostaria de ter visto personagens de pele extremamente clara – como a do protagonista – mostrando através de uma boa maquiagem os efeitos que denotassem a exposição contínua ao sol já que estamos em um inóspito e árido planeta. A edição, talvez pelo filme já estar com quase 3h de duração, optou por cortar e não mostrar o retorno de uma jornada solitária de Paul Atreides no deserto para ser aceito naquela tribo, mas de fato algo tem que ficar de fora em nome do ritmo da trama e tempo de exibição.

Para aqueles que acompanharam os livros (6) originais escritos pelo próprio Frank Herbert antes de seu falecimento em 1986 (Duna 1965 – O Messias de Duna 1969 – Os Filhos de Duna 1976 – O Imperador-Deus de Duna 1981 – Os Hereges de Duna 1984 – As Herdeiras de Duna 1985) estes ficarão extremamente felizes com essa adaptação ainda que pontualmente não seja possível, nessa transposição para a telona desse vasto material, condensar toda uma extensa e complexa obra escrita. O fato é que é impensável cogitar alguém fazendo melhor que Villeneuve e esse épico e visceral longa de ficção científica apresenta-se como Hollywood em sua melhor forma, tendo obrigatoriamente que ser visto e apreciado no cinema em uma tela IMAX já que o longa foi filmado originalmente nesse incrível formato. Todas as promessas de ‘Duna: Parte Um’ foram cumpridas com maestria e agora somente podemos esperar ansiosos pela Parte Três – a qual até o mento não foi oficializada pelo estúdio, mas seria uma injustiça com o diretor e público não a realizar – em um futuro próximo. Sem qualquer dúvida, ‘Duna: Parte Dois’ merece nossa nota máxima!

Alexandre Carvalho – Editor

Maravilhoso!

Ficha Técnica:
Título: DUNA: PARTE DOIS (DUNE: PART TWO)
País/Ano/Duração: Estados Unidos, 2024, 166 min.
Classificação: 14 anos
Gênero: Drama, Aventura, Ficção Científica
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Frank Herbert, Jon Spaihts, Denis Villeneuve
Produção: Tanya Lapointe, Patrick McCormick, Herbert W. Gains, Joshua Grode, John Harrison, Brian Herbert, Kim Herbert
Estúdio: Warner. Bros.
Distribuição no Brasil: Warner. Bros. Brasil
Estreia: 29/02/2024
Elenco: Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Florence Pugh, Léa Seydoux, Austin Butler, Stellan Skarsgård, Javier Bardem, Josh Brolin, Christopher Walken