Crítica I The Flash

Várias realidades (Multiverso) e viagem no tempo estão na moda e porque não unir esses dois conceitos e fazer um filme? O resultado é o filme ‘The Flash’ já que o herói título tem poderes que permitem muito bem esse casamento. Anunciado oficialmente desde o ano de 2014, o longa ‘The Flash’ passou por diversos roteiristas e datas de estreia, tendo sofrido bastante – ao exemplo de várias produções da época – com a paralisação imposta pela pandemia de covid-19. No Ceará e em outros estados do Brasil – como também internacionalmente -, foram disponibilizadas pela Warner Bros. para a crítica especializada duas versões do longa, sendo a primeira trazendo um corte inacabado da película e a segunda justamente a edição oficial dos cinemas, sendo esta última a que este crítico teve acesso. Novamente é essencial nos reportarmos à recente reformulação da DC Films (ver matéria aqui)  onde agora James GunnPeter Safran estão mapeando um “plano de oito a 10 anos” para a DC no qual o longa ‘The Flash’ ainda foi produzido e filmado justamente antes dessa mudança de comanda, com o controverso Walter Hamada na função de CEO da produtora. Baseado na HQ de grande sucesso ‘Flashpoint’, os roteiristas tiveram uma grande liberdade criativa para alterar pontos chaves da história com destaque para inclusão da Supergirl (a excelente atriz Sasha Calle a qual desbancou a brasileira Bruna Marquezine para o papel) no lugar do Superman em um universo paralelo no qual Barre Allen (Ezra Miller) volta no tempo para salvar sua mãe trazendo mudanças desastrosas no futuro daquela realidade.

O roteiro de ‘The Flash’ é audacioso mesmo em se tratando de uma história já conhecida dos fãs de quadrinhos e funciona como uma grande celebração dos herois da DC dada as excelentes participações e incontáveis referências que o longa astutamente incorporou se aproveitando das possiblidades que os poderes do heroi título permitem. Esqueça o tom sombrio de uma graphic novel, pois ‘The Flash’ abraça de fato a leveza e cores de uma HQ transportada para a telona com maestria pela excelente direção de Andy Muschietti (It A Coisa – 2017, It – Capítulo Dois – 2019, Mama – 2013) que demonstrou todo o seu amor ao personagem como poucos diretores conseguiriam fazer. Escalado pela primeira vez pelo diretor Zack Snyder no filme ‘Batman vs Superman: A Origem da Justiça’ (2016), o ator Ezra Miller (Barry Allen/The Flash) foi mantido no papel título apesar de ao longo dos anos ter acumulado sérios problemas em sua vida pessoal, passando por acusações de agressões a fãs indo até invasão à propriedade privada tendo se declaro culpado em Tribunal americano nessa última para evitar  ser condenado em até 25 anos de prisão, obtendo com a correlata confissão apenas um ano em liberdade condicional. Problemas pessoais a parte, Miller prova que é um excelente ator ao interpretar duas versões distintas de Barry Allen, com destaque às cenas dramáticas, mas sem nos esquecermos daquelas de extremo humor incorporadas no momento certo pela trama. Das várias participações especiais do filme, temos que honrosamente destacar a do ator Michael Keaton se divertindo ao reprisar seu icônico papel de Batman de 1989 – com direção de Tim Burton – que abraça sua versão mais experiente do herói e nos brinda também com excelentes falas e cenas de ação.

‘The Flash’ em seu terceiro ato traz de forma criativa e justificável uma infinidade de referências e homenagens – valendo-se do conceito de multiverso – que funciona como um super fan service nível épico pois não lembro de nenhum longa que tenha realizado algo dessa magnitude em uma mesma sequência. Contudo, justamente em seu terceiro ato que reside o maior problema da produção pois tudo se resolve muito rápido e o vilão – ocultado nos trailers – é facilmente deduzido pelo telespectador que já tem certa familiaridade com o personagem em sua encarnação na TV ou quadrinhos. Outro ponto que encontrei falhas foi no CGI pois a computação gráfica do filme alterna sua qualidade entre excelente e medíocre, talvez denotando a suspensão e retomada da produção entre o período de pandemia mundial. Ponto alto do CGI é a distorção da câmera logo no primeiro ato onde podemos observar o mundo sob a perspectiva do velocista em sua velocidade total onde felizmente nessa sequência a solução de deixar o resto do cenário em câmera lenta foi abolida e fica apenas a lamentação de justamente uma das melhores tomadas do filme não ter sido repetida em outros takes.

‘The Flash’ é um filme que como poucos do gênero faz justiça com o personagem título, entendendo sua origem, poderes e dilemas. Contudo, com a reformação da DC – agora sob o comando de James GunnPeter Safran – fica difícil prever se a produção terá uma sequência ou se o universo iniciado por Zack Snyder de fato teve seu último suspiro na telona, mas se for esse o caso, temos de fato aqui um “grand finale“. O estúdio astutamente disponibilizou antecipadamente o filme para celebridades as quais unanimemente divulgaram em suas redes sociais rasgados elogios ao longa, mostrando que foi bastante eficaz essa estratégia de marketing  a qual pode até virar moda no futuro quando os produtores de fato tiverem a certeza de possuírem em suas mãos uma grande película. ‘The Flash’ é uma HQ na telona e firma-se como uma grande celebração dos heróis da DC! Temos uma única cena pós-créditos que em nada acrescenta à produção, contudo, na última cena do filme é apresentado um cameo totalmente inesperado e bem ocultado pelo estúdio o qual certamente trará muita surpresa e risadas do público.

Alexandre Carvalho – Editor

 

Muito Bom

Ficha Técnica:
Título: THE FLASH (IDEM)
País/Ano/Duração: EUA, 2022, 144 min.
Classificação: 12 anos
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
Direção: Andy Muschietti
Roteiro: Christina Hodson e Joby Harold
Produção: Michael Disco, Barbara Muschietti, Andres Muschietti
Estúdio: DC Films
Distribuição no Brasil: Warnes Bros. do Brasil
Estréia: 15/06/2023
Elenco: Ben Affleck, Sasha Calle, Michael Keaton), Michael Shannon, Ezra Miller, Antje Traue, Temuera Morrison, Ron Livingston, Saoirse-Monica Jackson, Kiersey Clemons