Categoria: Críticas

Crítica | TENET

E finalmente, temos agora no Brasil, o primeiro grande lançamento durante (ou após) a pandemia de COVID-19: ‘TENET’. Antes de tratarmos propriamente do longa, cabe trazermos algumas informações sobre seu diretor e roteirista, Christopher Nolan, pois a obra carrega seu DNA desde os créditos iniciais. Nolan ficou mesmo famoso para o grande público por ter dirigido e roteirizado a icônica trilogia do Batman (Batman Begins – 2005; Batman: O Cavaleiro das Trevas – 2008; Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge – 2012), entretanto, existem outras grandes obras em sua filmografia como ‘Dunkirk’ (idem – 2017), ‘A Origem’ (Inception – 2010), ‘Interestrelar’ (Interstellar – 2014), ‘Insônia’ (Insomnia – 2002), ‘O Grande Truque’ (The Prestige – 2006) e o ainda perturbador ‘Amnésia’ (Memento – 2000). Juntos, seus filmes já somaram mais de 4,2 bilhões de dólares em todo o mundo, fazendo do talentoso diretor um dos mais bem-sucedidos comercialmente em Hollywood, além claro, de sempre o público ser brindado com um toque de originalidade em suas obras. Geralmente. a trama de seus filmes é densa, repleta de detalhes e nos força a assistir novamente (sem constrangimento algum) a um determinado longa para enfim o compreendermos em sua totalidade. ‘TENET’ não foge a regra e aqui o diretor nos brinda com mais um obra prima a qual, além da árdua tarefa de cobrir seus altos custos de produção (U$ 225 milhões) também possui a status de ser o primeiro grande lançamento durante esse período de pandemia que deverá ser o responsável para trazer o público mundial de volta às salas de cinema nessa tentativa de retomada do abalado setor.

Filmado inteiramente em IMAX® (veja nesse formato), ‘TENET’ traz em seu elenco a estreia em uma grande produção do filho de Denzel Washington, John David Washington fazendo bonito em um filme de ação, dividindo a tela por ironia do destino com Robert Pattinson, ator escalado para ser o novo Batman na produção ainda vindoura ‘The Batman’. O roteiro é muito bem trabalhado, podendo ser complexo demais para a maioria, e gira em torno de um fenômeno de ‘inversão’ de objetos no que se pode chamar de uma pequena viagem no tempo que está sendo manipulado pelo vilão Russo Andrei Sator (Kenneth Branagh) desencadeando possivelmente uma terceira guerra mundial. Aqui, o ‘The Protagonist’ (John David Washington) ao passo que tenta entender e utilizar ao seu favor a ‘viagem no tempo’ dos objetos, muito bem explicada ao telespectador, quer impedir o vilão de concretizar seus planos e claro, salvar a mocinha Kat, papel da bela atriz francesa, Elizabeth Debicki. Sem dúvida, o que de fato vai captar a atenção do telespectador do IMAX são as cenas de ação de lutas e perseguições de carros, onde em uma mesma tomada, ora os atores interagem de forma linear no tempo, ora, ao contrário, com tudo ocorrendo de fato ao inverso. O trilha sonora e efeitos de som são impecáveis e mostrou que a substituição de Hans Zimmer, antigo colaborador de Nolan por Ludwig Göransson não comprometeu em nada a qualidade do longa nesse quesito. 

(Leia Mais…)

Crítica | Resgate

Conseguimos mesmo desvincular o ator Chris Hemsworth do personagem Thor? Essa e outras perguntas tentam ser respondias em ‘Resgate’ (Extraction – 2020), filme de ação da Netflix que surge em meio à pandemia do coronavírus. A primeira curiosidade do longa é que o roteiro é assinado por Joe Russo que junto do seu seu irmão Anthony Russo, dirigiram Hemsworth como Thor em ‘Vingadores: Ultimato‘ e ‘Vingadores: Guerra Infinita’ (Avengers: Infinity War – 2018). O enredo é bem simples, onde Hemsworth é Tyler Rake, um atormentado mercenário do mercado negro especializado em arriscadas tarefas de resgate ao redor do mundo, vivendo de missão em missão. Agora, ele tem que libertar um garoto indiano de 14 anos (Rudhraksh Jaiswal) que é mantido refém na cidade de Dhaka, local onde atua um lorde das drogas rival do pai do adolescente sequestrado, que por sua vez controla Bangladesh. Logo nos minutos iniciais da produção Hemsworth mostra a que veio com cenas de ação muito bem coreografadas e onde em sua maioria temos os belos plano sequência, quando a ação acontece sem qualquer tipo de corte. Esse talvez é o ponto alto do longa até porque o diretor estreante Sam Hargrave (que faz uma pequena ponta no longa como um sniper) é um famoso dublê de Hollywood que já trabalhou com Chris Hemsworth em outras produções mas que na realidade vestia mesmo era o traje do Capitão América para poupar Chris Evans de se machucar (ambos possuem uma grande semelhança física). ‘Resgate’ não tem tempo para desenvolver qualquer personagem, nem mesmo seu principal, pois o longa deixa claro que deseja ser uma diversão pura e simples e se assumir como um filme ‘pipoca’, o qual, nesses tempos de enclausuramento, não é algo necessariamente desabonador. Os aficionados por filmes de ação irão notar, com toda razão, uma grande semelhança entre o manuseio das armas que Tyler Rake exibe com o que foi mostrado por Keanu Reeves em sua famosa franquia John Wick, mas aqui, não se configurando como uma cópia genérica, e sim, uma grande homenagem.

O longa ‘Resgate’ parece mesmo repetir o velho clichê Hollywoodiano onde os nativos daquela remota região na índia são todos vilões e sujos, contrastando com a beleza física e bom caráter do mocinho. Recentemente já vimos essa injusta retratação na película ‘Rambo 5: Até o Fim‘ quando o veterano do Vietnã vai até o México, em uma semelhante missão de resgate, e se depara com toda uma cidade recheada somente de criminosos mal encarados. Exageros à parte, ‘Resgate’ tem um excelente elenco de apoio com destaque para a participação de David Harbour (Hellboy) famoso pela série Stranger Things, também produzida pela Netflix. Não podemos deixar de ressaltar o personagem Saju, interpretado pelo ator indiano Randeep Hooda o qual faz bonito nessa produção de Hollywood tanto na ação como nas pequenas, mas relevantes cenas de drama. Em entrevista recente, este competente ator havia declarado que recusou no passado papeis em longas de Hollywood por estes, até o momento, criarem estereótipos do indiano o que ele desejava evitar. No elenco de apoio, contudo, não identifiquei aquele que seria o alívio cômico da produção mas com tantos socos, tiros e explosões essa ausência é totalmente justificada.

O ‘Resgate’ tem uma trama rasa como na maioria dos filmes de ação mas que poderia ter explicado melhor porque o mercenário Tyler Rake é tão pouco auxiliado em sua missão por seus colegas de equipe pois esta praticamente só chega mesmo no final do terceiro ato, fazendo de Rake um verdadeiro “exercito de um homem só” ou como dizem os americanos, “one man army”. ‘Resgate’, por suas belas sequencias de ação contínuas poderia sim fazer bonito nas telonas para aquele público específico ávido por ação, contudo, quem possui um bom equipamento de áudio e vídeo pode sim comemorar pelas quase duas horas de imersão e muita pipoca. Originalmente o longa iria se chamar Dhaka, local onde se passa a ação, mas parece que isso condicionaria uma eventual sequencia(s) já que o mercenário poderia no futuro ser visto também atuando em outras localidades. Será mesmo?

Alexandre Carvalho – Editor

Bom

Ficha Técnica:
Título: RESGATE (EXTRACTION)
País/Ano/Duração: EUA, 2020, 114 min.
Classificação: ND
Gênero: Ação, Drama
Direção: Sam Hargrave
Roteiro: Joe Russo
Produção: Chris Hemsworth, Joe Russo, Anthony Russo, Ari Costa, Eric Gitter, Benjamin Grayson, Eric Hedayat, Benoit Jaubert, Mike Larocca, Shelby Malone, Patrick Newall, Pravesh Sahni, Steven V. Scavelli, Peter Schwerin, Nicholas Simon
Estúdio: AGBO, India Take One Productions, T.G.I.M Films, Thematic Entertainment
Distribuição no Brasil: Netflix
Estréia: 24/04/2020
Elenco: Chris Hemsworth, Rudhraksh Jaiswal, Randeep Hooda, David Harbour, Golshifteh Farahani.

Crítica | Bloodshot

Com a famosa e divertida franquia Velozes e Furiosos chegando em breve ao seu fim (será mesmo?), o ator Vin Diesel está em busca de novas produções que, se bem aceitas pelo público, lhe renderão mais algumas sequências. A aposta da vez é o anti-herói Bloodshot, um ex-soldado que ressuscitado através de uma alta tecnologia, agora possui em seu sangue um exército de nano robôs que além de lhe conferirem super força, também o fazem se regenerar instantaneamente, tornando-o quase indestrutível. Como nem tudo é perfeito, o soldado teve sua memória apagada várias vezes e é manipulado pela organização RST, para realizar missões secretas, até o momento que ele descobre que está sendo manipulado e se volta contra aqueles que o criaram. Antes de qualquer coisa é importante conhecermos um pouco mais sobre a editora americana Valiant Comics, criadora do personagem título. Ela foi fundada em 1989, valendo-se da alta dos quadrinhos e logo idealizou uma gama de personagens que rapidamente agradou o público. A Valiant Comics em 1994, foi comprada pela Acclaim Entertainment , que na época era especializada em games para consoles, a qual veio a falir. Quando tudo ia de mal a pior para a editora, os direitos autorais de seus personagens foram leiloados e arrematados por um baixíssimo valor pelos visionários Dinesh Shamdasani e Jason Kothari. Em 2012, tudo mudou para melhor com o relançamento de sua gama de personagens totalmente repaginados e com novas histórias e nova apresentação. A aceitação do público foi mais que positiva, colocando novamente a Valiant Comics no circuito das editoras de sucesso.

(Leia Mais…)

Crítica | Bad Boys Para Sempre

E se passaram 25 anos desde ‘Os Bad Boys’ (Bad Boys – 1995) quando em 1995, a dupla de comediantes Martin Lawrence Will Smith (um de palco e outro de TV) arriscaram suas carreiras em um filme que mesclava humor e ação com a direção do diretor Michael Bay. Naquela ocasião, o filme focava bem mais em Lawrence tanto que nos créditos iniciais o nome de Will Smith aparecia em segundo. O filme foi muito bem recebido pelo público e pela crítica e uma sequencia era inevitável e foi quando em 2003 foi lançado ‘Bad Boys II’ (idem – 1995) novamente dirigido por Bay. Contudo, apesar da ação desenfreada e um orçamento bem mais robusto a sequencia não obteve o sucesso esperado e a franquia foi ‘aposentada’ por muitos anos e os atores seguiram suas carreiras de forma independente. É fato que Smith durante esse hiato constitui uma carreira bem mais sólida, emplacando vários sucesso que alternava drama e ação onde o talentoso ator navegava confortavelmente bem em entre os gêneros chegando a receber duas indicações ao Oscar – melhor ator pelo filme ‘Ali’ ‘À Procura da Felicidade’ -. Enquanto isso Martin Lawrence não teve a mesma trajetória e ainda se saindo bem em ‘Vovó…Zona’ (Big Momma’s House – 2000) o ator teve um histórico de problemas de saúde, comportamentos públicos violentos e casamentos desfeitos com grandes repercussões negativas. Caminhos diferentes à parte, o fato é que um rumor de um terceiro Bad Boys permaneceu na internet por anos quando finalmente no início de 2020, 17 anos depois daquela sequencia, ‘Bad Boys Para Sempre’ (Bad Boys For Life – 2020) chegou aos cinemas para a alegria dos amantes dos filmes de ação. Agora na direção saiu Bay (continuou como produtor) e entrou a dupla talentosa de diretores belga Adil El Arbi e Bilall Fallah mas pouco conhecida do grande público.

(Leia Mais…)

Crítica | Ameaça Profunda

E começamos o ano de 2020 com o thriller ‘Ameaça Profunda’ estrelado pela atriz Kristen Stewart, ainda tentando emplacar outro sucesso que a distancie da famigerada saga Crepúsculo. O longa é sobre uma estação submarina a 11 km de profundidade nas Fossas Marianas, onde um grupo de exploradores tenta sobreviver depois de um grave acidente naquela instalação. Não satisfeitos de já estarem a uma profundidade absurda, o time de cientistas ainda tenta, através de uma escavadeira ultra moderna, perfurar o fundo do oceano sem deixar muito claro o motivo desse esforço adicional e perigoso. O roteiro é simples e previsível com o time de atores encarnando as características usuais de um grupo de pessoas nesse tipo de filme pois tempos o alívio cômico, a medrosa, o líder, o que atrasa o grupo e finalmente o que se sacrifica pela equipe. Os diálogos são incrivelmente bobos e os sustos estão lá somente para tentar criar alguma conexão com a plateia, a qual nem vendo a protagonista desafiando os perigos trajando um curto biquíni se empolga verdadeiramente.

diretor da película  é o pouco conhecido William Eubank o qual somente dirigiu os inexpressivos ‘O Sinal: Frequência do Medo’ (The Signal – 2014) e ‘Linha de Ação’ (Broken City – 2013) executando uma árdua missão de transformar um fraco roteiro em um bom filme. A atriz Kristen Stewart de ‘As Panteras’ (Charlie’s Angels – 2019) lidera o elenco que conta com atores chamados do ‘segundo escalão’ como é o caso da Jessica Henwick (participou da série ‘Punhos de Ferro’) e do ator Todd Miller que aqui reprisa sem medo o mesmo alívio cômico que o lançou contracenando com Ryan Reynolds em ambos os filmes do Deadpool. O real destaque do elenco, que supera bem mais a própria protagonista, pertence ao líder da equipe interpretado pelo veterano Vincent Cassel, que mesmo com pouco tempo em tela, consegue trazer alguma dramaticidade à trama.

‘Ameaça Profunda’ tem um bom design de produção na tentativa de ambientar a ação em uma estação submarina danificada onde os atores ou estão molhados ou mergulhando no perigoso oceano. A história tem grandes furos mas podemos destacar dois deles em especial. Primeiramente temos o fato de que uma instalação daquele tamanho, mesmo tendo sofrido grandes danos, deveria apresentar um número bem maior de sobreviventes além dos 6 apresentados. Em segundo lugar, o socorro da equipe em terra ou superfície jamais chega e é de se perguntar o que estaria impedindo alguma tentativa de resgate já que imediatamente se saberia que algo não estava correto já que, entres outros, a comunicação havia se encerrado. O figurino fez um bom trabalho em recriar um moderno traje de escafandro onde os atores possuíam uma boa mobilidade mesmo vestindo aquela armadura. O cartaz de promoção do filme já exibe claramente algumas presas ameaçadoras em seu rodapé e é dedutível que a equipe irá enfrentar, além dos perigos da profundidade, algumas criaturas nada amigáveis.

CGI dos monstros está muito bom, e o longa propositadamente não deixa claro se as criaturas sempre viveram lá ou se têm mesmo origem alienígena. ‘Ameaça Profunda’ não acrescenta nada ao gênero e somente vemos velhos clichês tomando conta de toda a projeção. O clímax do longa, que começa incrivelmente bem e vai piorando a medida que o tempo passa, deixa claro que a instalação submarina é na verdade um grande caixão pois quando algo de errado acontece, quase nada pode ser feito para reverter a situação, restando apenas o ‘salve-se quem puder’. De quebra, para piorar a situação, os roteiristas Brian Duffield (A Babá – 2017) e Adam Cozad (Jack Ryan: Operação Sombra – 2014), acharam ainda uma boa ideia colocar um mostro do tamanho do Godzilla nas profundezas o que se mostrou desnecessário e pouco criativo. Pasmem, o filme deixa espaço para uma sequência pois é dito através de recortes de jornais que a exploração daquele local deverá continuar, mas particularmente eu duvido que uma continuação irá ver a luz do dia tendo em vista o quase certo  fracasso de bilheteria o qual, se muito, igualará os custos da produção (U$ 80 milhões) acrescidos do marketing. ‘Ameaça Profunda’ não foi exatamente o melhor início do ano, mas vale sim a pipoca.

Alexandre Carvalho – Editor

  Regular

Ficha Técnica:
Título: AMEAÇA PROFUNDA (UNDERWATER)
País/Ano/Duração: EUA , 2020 , 95 min.
Classificação: 14 anos
Gênero: Suspense, Ficção Científica
Direção: William Eubank
Roteiro: Brian Duffield, Adam Cozad
Produção: Peter Chernin, Tonia Davis, Kevin Halloran, Jenno Topping
Estúdio: Twentieth Century Fox, 20th Century Fox Film Corporation, Chernin Entertainment, TSG Entertainment
Distribuição no Brasil: Fox Film do Brasil
Estréia: 09/01/2020
Elenco: Kristen Stewart, Jessica Henwick, Gunner Wright, Vincent Cassel, Todd Miller

Crítica | Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker

A saga dos Skywalker iniciada por George Lucas com o despretensioso mas excelente ‘Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança’ (Star Wars: Episode IV – A New Hope – 1977) depois de 42 anos  e 9 filmes chega ao seu desfecho com o aguardado ‘Star Wars: Episódio IX – A Ascensão de Skywalker’ dirigido por J.J. Abrams. Um filme que deveria funcionar exclusivamente como um fechamento, na realidade gasta muito de seu tempo tentando desfazer o que foi mostrado no longa anterior dirigido por Rian Johnson‘Star Wars: Os Últimos Jedi’ (Star Wars: The Last Jedi – 2017). A trama gira em torno da resistência tentando lidar com uma nova ameaça liderada pelo Imperador Palpatine (Ian McDiarmid), o qual já entregava seu retorno nos trailers através de sua risada icônica. Sim, o Imperador não estava morto, e utilizou esse tempo para formar uma super poderosa armada de Destroyers em um local secreto no espaço para então liquidar de vez a rebelião. Nesse contexto, temos a Jedi Rey ao passo que tenta ajudar a causa dos rebeldes, busca igualmente descobrir mais sobre seus poderes e passado, notadamente quem seriam seus pais biológicos. Tecnicamente o longa é impecável pois a Disney, agora dona da icônica franquia, não poupou recursos para um excelente CGI, efeitos sonoros e práticos e finalmente uma cenografia e maquiagens dignas de Oscar. A química do elenco principal continua muito boa, entretanto, o roteiro apressadamente inclui novos e dispensáveis personagens o que enfraquece a narrativa e não cria um elo com o telespectador pois esse não tem tempo para se importar com essas repentinas inclusões. Ainda em relação ao elenco, ‘Star Wars: Episódio IX – A Ascensão de Skywalker’ precisou lidar com a morte da atriz Carrie Fisher em 2016 que interpretava a Princesa Leia, mesclando dublês de corpo, CGI e cenas já gravadas da personagem para preencher lacunas e finalmente encerrar ser arco narrativo.

(Leia Mais…)

Crítica | O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

E lá se vão 35 anos desde ‘O Exterminador do Futuro’ (Terminator – 1984) onde o diretor James Cameron arrebatou o mundo com uma história original e muito bem montada. Naquela ocasião, o famoso fisiculturista Arnold Schwarzenegger estava galgando um lugar ao sol em Hollywood e tinha sido convidado para o papel do protetor Kyle Reese (que mais tarde foi entregue a Michael Biehn) mas pediu ao diretor que o escalasse para o papel do Cyborg assassino e o resto é história. A aguardada sequência veio somente em 1991 novamente dirigida por Cameron onde ‘O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final’ (Terminator 2: Judgment Day – 1991) revolucionou os efeitos digitais na época e até hoje é tido com um dos melhores filmes de ficção científica já realizados. Da mesma feita quando um alpinista alcança o cume de uma alta montanha e seu único caminho é a descida de volta, a promissora franquia em seguida nos entregou o fraco ‘O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas’ (Terminator 3: Rise of the Machines – 2003) e os tenebrosos ‘O Exterminador do Futuro: A Salvação’ (Terminator Salvation – 2009) e ‘O Exterminador do Futuro: Gênesis’ (Terminator Genisys – 2015) onde nem a presença de Schwarzenegger em todos salvaram as produções de duras críticas do público e imprensa especializada. Como os direitos do filme retornaram ao aclamado diretor em 2019, era chegado a hora de uma tentativa de revitalização da franquia onde James Cameron (Avatar, Titanic) retornaria não como diretor, mas produtor executivo, isto é, um espécie de padrinho do longa. Ocupadíssimo com as sequências de Avatar (sim, ele está gravando mais de um filme por vez) Cameron entregou a tarefa de dirigir ‘O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio’ Tim Miller, que muito agradou os fãs em ‘Deadpool’ (idem – 2016) e que já havia se declarado amante da franquia iniciada em 1984. Inicialmente cabe destacar que ‘O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio’ é uma sequência de T2 de 1991, onde foram propositadamente ignoradas (ufaaa…) todas as três produções posteriores e somente por questões legais, o longa de 2019 não incorporou o subtítulo de número 3 pois como é sabido a produção de 2003 já havia utilizado tal nomenclatura em ‘O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas’.

(Leia Mais…)

Crítica | Projeto Gemini

Poucos sabem que o longa ‘Projeto Gemini’ demorou cerca de 10 anos para finalmente chegar as telonas simplesmente pela tecnologia CGI do passado não se apresentar a altura para realizar com primazia toda a narrativa trazida em um roteiro raso mas desafiador em termos de computação gráfica. Sim, como os trailers e cartazes já deixaram bem claro, o protagonista do filme deveria lutar com sua versão 30 anos mais jovem e convencer o espectador que se tratava realmente de duas pessoas duelando. Vale lembrar que se isso falhasse, colocaria a perder todo o resto, ainda que os demais aspectos do longa fossem realmente perfeitos. A tarefa de dirigir algo tão singular foi entregue ao experiente Ang Lee, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por ‘O Tigre e o Dragão’ (2001) e pelas direções em ‘O Segredo de Brokeback Mountain’ (2006) e o aclamado ‘As Aventuras de Pi’ (2013). O diretor, além de se preocupar com a necessidade de rejuvenescimento do sempre carismático Will Smith, optou igualmente por inovar através de um formato de projeção de 60 quadros por segundo – mais do que o dobro da taxa tradicional de quadros do cinema (24 quadros) – dando ao público uma experiência em 3D amplificada e uma experiência única de imersão. Com imagens 3D projetadas a 60 quadros por segundo (de uma master originalmente filmada a 120 quadros por segundo) mostra imagens mais próximas do que nunca para aquilo que o olho humano está vendo, colocando o espectador no centro da ação, dependendo é claro, se a sala de exibição suportar esse formato de imagem e áudio. Foi revelado que somente 14 salas nos EUA exibirão o filme na configuração máxima original que ele foi gravado. No Brasil? Duvido que exista alguma sala que o exiba nos 120 fps! Esse formato que entendemos ser revolucionário notadamente para filmes de ação, é chamado de 3D+, onde realmente os 60 quadros por segundo fazem toda a diferença do mundo em termos de qualidade. Para os cinéfilos, o termo “60 FPS” (ou 60 quadros por segundo) pode soar como uma novidade, mas para a comunidade gamer é algo corriqueiro e desejável pois um jogo que roda com essa performance é garantia de fluidez nas imagens e precisão nos combates seja no modo singleplayer (modo história) ou nas disputas online dos multiplayers. 

(Leia Mais…)

Crítica | Coringa

O vilão Coringa é tão conhecido do público quanto o próprio Batman, já que ambos comemoraram 80 anos de existência em 2019, sem contar o fato de que todo grande herói necessita invariavelmente de um complexo antagonista para que se justifique sua existência. Desde o início do discreto projeto (custou ‘apenas’ U$ 55 milhões) a Warner Bros. não deixou claro onde esse universo se passaria pois a empresa já havia estabelecido um Coringa em ‘Esquadrão Suicida’ (Suicide Squad – 2016) interpretado por Jared Leto, inclusive o ator havia sido, nas notícias iniciais da época, cogitado para esse filme solo. Bom, tudo isso é história, pois quem ficou mesmo com o papel foi o ator Joaquin Phoenix, conhecido do grande público pelo vilão Cômodo em ‘Gladiador’ (Gladiator – 2000) dirigido por Ridley Scott. Depois de assistirmos a ‘Coringa’ percebemos que o filme do diretor Todd Phillips obviamente possui vários elementos que o ligam ao universo do Batman, entretanto, fica claro que o longa foi concebido originalmente para funcionar desvinculado de qualquer franquia já estabelecida ou mesmo futura. Não podemos, contudo, descartar a possibilidade futura do estúdio criar um vínculo (desnecessário ao meu ver) com o vindouro ‘The Batman’ estrelado pelo ex-vampirinho de ‘Crepúsculo’ (Twilight – 2008), Robert Pattinson e dirigido por Matt Reeves o qual tem estreia prevista para meados de 2021. Logo no início de ‘Coringa’ vemos um Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) em frente a um espelho durante a maquiagem de palhaço tentando forçosamente arrancar um sorriso de seu semblante que insiste em mostrar a estado real do personagem, triste e solitário. Comprovamos de imediato toda a entrega de Phoenix ao icônico papel que já teve Jack Nicholson e Heath Ledger (ganhando o Oscar póstumo de melhor ator coadjuvante em 2009) interpretando o sádico e desajustado vilão.

(Leia Mais…)

Crítica | Rambo 5: Até o Fim

Estamos realmente vivendo uma época de revitalização de antigas franquias, ora com sequencias, ora com os famosos e nem sempre bem-sucedidos reboots. Para falarmos de forma isenta de ‘Rambo 5: Até o Fim’, tenho que isolar o meu lado de fã pois acompanho a franquia desde seu início com 1982 com ‘Rambo: Programado para Matar’ (Rambo: First Blood) tendo como coleção inclusive todas as facas utilizadas pelo personagem ao longo dos anos. Em relação ao título do primeiro filme o irônico é que o famoso herói de guerra mata somente um policial o qual inclusive cai de um helicóptero onde o piloto é acertado com uma pedra arremessada por John Rambo somente para se defender. Depois de ‘Rambo IV’ (2008) onde Stallone roteirizou, dirigiu e estrelou o longa, o público cativo da franquia acreditava que nunca mais veria um novo capítulo, mas todos estavam enganados pois agora em setembro de 2019, ‘Rambo 5: Até o Fim’ (Rambo: Last Blood) chegou às telonas. De cara, vemos que o título original em inglês faz referência ao título do longa original criando o contraponto em ‘FIRST’ e ‘LAST’ sendo o primeiro tirado literalmente da obra ‘First Blood’ (1972) do escritor ainda vivo David Morrell. Em ‘Rambo 5: Até o Fim’, o protagonista parece ter encontrado sua paz em uma fazenda no Arizona devidamente mostrada no filme anterior e podemos dizer que o primeiro ato do longa se assemelha na realidade a um drama. Quem assistiu ao excelente faroeste ‘Os Imperdoáveis’ (Unforgiven – 1992) estrelado e dirigido por Clint Eastwood pode encontrar algum paralelo entre as duas tramas onde o anti-herói aposentado é trazido de volta a ação por imposição de certas circunstancias.

(Leia Mais…)

Crítica | Homem-Aranha: Longe de Casa

E finalmente chegamos ao final da Fase 3 da Marvel! Sim, essa fase não teve seu desfecho, como muitos pensavam, com o excelente ‘Vingadores: Ultimato’ mas agora com ‘Homem-Aranha: Longe de Casa’. O todo poderoso da Marvel Studios, Kevin Feige já havia relatado que gostaria de fechar essa fase com o Herói da Vizinhança pois a relação entre Peter Parker (Tom Holland) e Tony Stark (Robert Downey Jr.) era muito sólida e merecia um desfecho onde o primeiro pudesse provar que poderia seguir adiante sem a presença de seu querido mentor. O longa se passa logo após o retorno das pessoas desaparecidas com o estalo do Thanos, aqui chamado de blip, onde com humor vemos indivíduos ausentes por 5 (cinco) anos tendo que se adaptar a nova convivência com parentes e amigos pois os recém chegados não envelheceram durante esse período. Tom Holland atualmente com 23 anos está muito a vontade em seu papel dos sonhos interpretando um jovem de apenas 16, agora nos entregado um Peter que deseja levar uma vida normal com amigos e seu interesse amoroso ao passo que sente muita pressão em carregar o legado de seu tutor que deixa um artefato muito poderoso aos cuidados do personagem. Nesse contexto de proposital incompatibilidade entre o prazer e o dever trazida pelo roteiro, vemos a chegada de Mistério (Jake Gyllenhaal) que logo de início impressiona positivamente o protagonista, mas como todos já sabem pelos quadrinhos e cartoons, irá se revelar o grande vilão de ‘Homem-Aranha: Longe de Casa’. Podemos dizer sem sobra de dúvida que Gyllenhaal nos brinda com o melhor vilão de todos os filmes do Homem-Aranha, com grandes motivações e um intrigante carisma, marca dos melhores antagonistas vistos na telona. Quem ganha bem mais tempo em cena é a atriz-modelo Zendaya que faz uma MJ sarcástica mas genérica, talvez devido a sua pouca experiência em Hollywood mas que, pasmem, motiva grande parte das decisões do protagonista na trama.

(Leia Mais…)

Crítica | X-Men: Fênix Negra

Tudo o que é bom um dia acaba. Talvez o grande público não saiba, até porque propositadamente o marketing envolvendo o longa não tivesse essa prioridade, mas ‘X-Men: Fênix Negra’ é o último filme dos mutantes com essa formação. Com a compra da Fox pela Disney certamente os mutantes em um futuro próximo (ou não) ganharão novos filmes, entretanto com uma novíssima formação e com um elenco totalmente novo incorporando heróis já conhecidos. Será desconcertante vermos o Wolverine, entre outros, ser interpretado por um ator que não seja o competente Hugh Jackman mas como é sabido, o personagem é sempre maior que o ator que o interpreta pois o primeiro não envelhece e nem adoece e tampouco pode deixar ‘órfão’ uma legião de novos fãs a cada geração. Mas fiquem tranquilos, que esse ‘desfecho’ fez bonito na telona em uma franquia que reconhecemos, teve seus altos e baixos além de uma já sabida timeline (cronologia) já há muito tempo incrivelmente bagunçada.  ‘X-Men: Fênix Negra’ se passa em 1992 onde os mutantes ‘trabalham’ em parceria inédita com o governo norte-americano tendo se passado 10 (dez) anos após os eventos do fraco ‘X-Men: Apocalipse’ (X-Men: Apocalypse – 2016). Logo no início do filme já temos uma incrível sequencia de ação no espaço onde o Presidente dos EUA pede ajuda aos X-Men para resgatar astronautas em uma missão espacial que deu muito errado, ocasião que já vemos um excelente trabalho coordenado da equipe onde cada um contribuiu acertadamente com seu poder sob a supervisão da agora líder, Mística, em interpretação pouco inspirada de Jennifer Lawrence. A partir daí, o roteiro adapta a famosa saga da Fênix Negra, já bem explorada nas HQs e no excelente desenho animado (cartoon) da década de 90 o qual teve um total de 76 (maravilhosos) episódios. A narrativa, infelizmente, ainda mantém os erros de continuidade da franquia pois certos personagens que morrem, são vistos nos filmes que se passam em décadas posteriores mas falhas de continuidade a parte, o roteiro inova em nos mostrar um Charles Xavier (James McAvoy) agora vaidoso e que por vezes coloca em risco a equipe para manter uma boa imagem perante o governo dos EUA.

(Leia Mais…)

Crítica | Rocketman

Se em 2018 o filme biográfico da banda Queen, ‘Bohemian Rhapsody’ fez enorme sucesso, inclusive dando a Rami Malek o Oscar de melhor ator, agora em 2019 a biografia musical de Elton John‘Rocketman’ aposta em um tom mais adulto e bem mais realista ao retratar a vida do icônico pop star. Essa abordagem, sem as criticadas suavizações ocorridas na vida de Freddie Mercury, – com o perdão dessas inevitáveis comparações – ocorreu justamente em um longa assumidamente musical em que a cada 15 min. alterna diálogos e cenas de danças embaladas por canções com as vozes dos próprios atores participantes. A mistura entre a fantasia dos clips musicais com a realidade das cenas fortes de homossexualismo e abuso de bebidas e drogas do personagem principal foram muito bem conduzidas pelo diretor Dexter Fletcher que já tinha trabalhado com o ator Taron Egerton em ‘Voando Alto’ (Eddie the Eagle – 2015). Outra curiosidade que liga as duas biografias recentes é que o diretor Dexter Fletcher finalizou, ainda que não creditado pelas regras da associação de roteiristas de Hollywood, o longa ‘Bohemian Rhapsody’ após a demissão de Bryan Singer por diferenças criativas (sempre elas). Por falar em Taron Egerton (Elton John), o ator, auxiliado pelo belo figurino da produção, soube incorporar todos os trejeitos de Elton John com perfeição apesar de, particularmente, achar que a interpretação não chegue a render maiores prêmios ao jovem e promissor talento. ‘Rocketman’ acompanha, através de flasbacks, a vida do cantor desde sua infância onde naquela idade já se destacava pelo enorme talento no piano o que no futuro seria justamente seu grande diferencial. Problemas familiares são muito bem retratados, seja pelo distanciamento e indiferença (até depois do sucesso do filho) de seu pai através de uma grande performance do ator Steven Mackintosh, como de sua mãe, onde vemos uma Bryce Dallas Howard com vários quilos a mais sem qualquer auxílio de próteses, maquiagens ou mesmo CGI.

(Leia Mais…)

Crítica | Brightburn: Filho das Trevas

E se alguém com os poderes similares ao do Superman fosse ‘do mal’? Basicamente essa é a premissa do longa ‘Brightburn: Filho das Trevas’ (Brightburn – 2019) que estreia agora dia 23 de maio de 2019 nacionalmente. O longa, que teve um baixíssimo orçamento de U$ 7 milhões para o padrão de Hollywood, também está sofrendo no Brasil com sua discreta campanha de divulgação (quase inexistente) além de que certamente será igualmente prejudicado pelo péssimo subtítulo recebido em terras alencarinas: ‘Filho das Trevas’. O grande público que não teve acesso aos trailers será inevitavelmente induzido a pensar que se trata de um filme essencialmente de Terror ao estilo ‘A Freira‘ (The Nun – 2018) e que destoa muito da proposta da produção. Agora, também cabe esclarecer que tecnicamente não se trata do ‘Superman do mal’ e sim, do que poderíamos chamar por convenção de Superboy (sem a produção jamais assumir as semelhanças) pois é um garoto de 12 anos de idade que protagoniza a narrativa. O filme começa mostrando a história já bem conhecida de todos onde um casal sem filhos presencia em sua fazenda uma pequena nave espacial ‘aterrissando’ com um bebê em seu interior o qual é adotado imediatamente por eles. Nos primeiros anos tudo se desenrola normalmente mas quando o garoto Brandon Breyer (Jackson Dunn, ator que fez uma ponta em Vingadores: Ultimato) chega a puberdade, seu lado, digamos, ‘do mal’, aflora e tudo começa a desandar tanto para a família como para aquela pequena comunidade de Brightburn, Kansas. Estranhamente os pais da criança alienígena (e a comunidade em geral) só percebem algo realmente de estranho em seu filho a partir da pré-adolescência como se ser detentor de extraordinárias habilidades fosse algo fácil de se ocultar. Uma criança contrariada possuindo super força iria revidar violentamente em várias ocasiões além de que uma simples injeção seria impossível de ser administrada. O roteiro de Brian e Mark Gunn (irmão e primo do famoso James Gunn) é medíocre e apressado ao extremo onde os diálogos entre os pais do garoto, Mr. Breyer (David Denman) e Tori Breyer (Elizabeth Banks) são recheados de clichês onde basicamente a conversa gira em torno da aceitação e/ou negação dos atributos sobrenaturais do seu filho.

(Leia Mais…)

Crítica | John Wick 3: Parabellum

Depois dos excelentes ‘John Wick: De Volta Ao Jogo’ (John Wick – 2014) e ‘John Wick: Um Novo Dia Para Matar’ (John Wick: Chapter Two – 2017) o público estava ávido pele terceiro capítulo e agora em 2019 essa ansiedade foi saciada com ‘John Wick 3: Parabellum’. O longa inicia exatamente após os eventos do segundo capítulo (razão pela qual jamais assista a essa  sequencia sem ter visto os anteriores) e agora seguimos o anti-herói com a cabeça a prêmio pela Alta Cúpula e perseguido por todos os assassinos do mundo sem qualquer ajuda e regalias da rede de Hotéis Continental. John Wick (Keanu Reeves) está EXCOMUNGADO que na sociedade secreta indica que ele quebrou uma das duas regras básicas: executou alguém dentro do terreno neutro de algum Hotel Continental. A direção é do ‘novato’ mas competente Chad Stahelski que também dirigiu os dois primeiros e que na época de Matrix trabalhou como dublê com o ator principal e talvez por isso as cenas de ação sejam tão bem executadas e realistas em toda a franquia. E por falar nisso, temos as cenas de ação realmente elevando o nível do cinema pois certamente serão referências para outras produções no futuro além de que em Parabellum (o que significa: Prepara-se para a guerra) elas nunca se repetem. Nesse contexto de extrema ação é bem verdade que falta tempo para um maior desenvolvimento de alguns personagens e isso fragiliza o roteiro, mas foi essa a opção do roteirista Derek Kolstad e que vai agradar ao grande público. Confesso que senti bastante a falta no terceiro filme tanto do excelente ator John Leguizamo (dono de oficina Aurélio) como também do ator Common (assassino Cassian), este último que realizou a memorável luta no metrô em ‘John Wick: Um Novo Dia Para Matar’ onde o anti-herói o deixa vivo com uma faca cravada em seu tórax. Tirando as imperdoáveis ausências anteriores no elenco, Parabellum nos brinda com uma bem maior participação do recepcionista do Hotel Continental, Charon (Lance Reddick) onde agora, para a alegria dos fãs, ele parte para a pancadaria pegando em armas e fazendo realmente a diferença.

A grande adição do elenco do terceiro filme, indiscutivelmente foi a introdução de Halle Berry, que após meses de duro treinamento e ensaios, nos entrega uma assassina crível e que com uma bela química, ajuda Wick (com mais dois pastores alemães) em sua árdua jornada de sobrevivência e não nos impressionemos se no futuro a personagem render um spin-off na franquia ou alguma participação especial na já anunciada série de TV, ‘Continental’. O mediano (e sumido) ator de artes marciais dos anos 90, Mark Dacascos, entrega um bom vilão e claro, como não poderia deixar de ser, excelentes sequencias continuas de muita pancadaria com espadas pois ele pertence a uma facção de ninjas que prioriza armas brancas em detrimento das usuais de fogo. Em ‘John Wick 3: Parabellum’ mergulhamos ainda mais no universo dos assassinos, tudo muito bem ambientado pelo design de produção em cenários que mesmo com o relativo baixo orçamento, nos brindam com uma excelente atmosfera que alterna o moderno e o estilo noir, funcionando até como um personagem em toda a narrativa. A veterana Anjelica Huston, outra grande e acertada adição ao longa, é o fio condutor dessa jornada pelos bastidores da Alta Cúpula, onde Wick tenta barganhar com a The Director alguma forma de obter ajuda para sair dessa complexa situação. Parabellum traz uma excelente referência aos filmes de Western, notadamente ao clássico ‘Três Homens em Conflito’ (The Good, the Bad and the Ugly – 1966) onde John Wick sem armas, monta em um museu, um revolver antigo usando peças variadas de armas em exposição. John Wick, apesar de extremamente habilidoso, não é nenhum Super-Homem e aqui novamente ele apanha bastante além de excessivamente ser arremessados em vidraças e parapeitos. Essa vulnerabilidade do personagem aproxima o telespectador da trama e a  direção, já que o longa começa onde termina o segundo capítulo, trata de mostrar um cansaço proposital do anti-herói já que ele não teve tempo para se alimentar e/ou descansar entre as sucessivas disputas.

Wick mal tem tempo de fazer curativos em suas novas e velhas feridas e já se vê obrigado a entrar em lutas violentas em seguida e o médico que o trata desde o primeiro capítulo (ator Randall Duk Kim que fez o Chaveiro em Matrix: Reloaded) protagoniza uma bela cena inicial em Parabellum. A trilha sonora magnífica dos dois primeiros filmes onde recomendo inclusive a compra de suas soundtracks originais, retorna agora mais uma vez competente e contribuindo para a imersão do telespectador na agitada trama já que as sequencias de ação podem ser comparadas a verdadeiras coreografias de dança. ‘John Wick 3: Parabellum’ é uma viagem de montanha russa, onde os fãs dos dois primeiros longas não se decepcionarão em nenhuma forma pois tudo o que vem funcionando na franquia, aqui retorna mais e melhor para o deleite de todos. A franquia começou discretamente e sem grandes estardalhaços mas com o passar dos anos, hoje se firma com uma das melhores do gênero de ação, quebrando o tabu que continuações nunca são tão boas quanto o original. Para quem já assistiu a Parabellum e está ávido por mais ação, a boa notícia é que até o fechamento dessa edição já havia sido confirmado oficialmente ‘John Wick 4’ o qual já tem data de estreia marcada para 21 de maio de 2021. Outra curiosidade é que  ‘John Wick 3: Parabellum’ desbancou o também excelente ‘Vingadores: Ultimato‘ do primeiro lugar da bilheteria americana, o que inevitavelmente iria acontecer em algum momento. Com o belo gancho para o já confirmado quarto capítulo ao final de Parabellum, temos sim uma ideia do que o nosso anti-herói irá enfrentar no futuro e somente nos resta controlar a ansiedade para até o ano de 2021; nos vemos lá!

Alexandre Carvalho – Editor

 Maravilhoso!

Ficha Técnica:
Título: JOHN WICK 3: PARABELLUM (JOHN WICK: CHAPTER 3 – PARABELLUM)
País/Ano/Duração: Estados Unidos, 2019, 130 min.
Classificação: 16 anos
Gênero: Ação
Direção: Chad Stahelski
Roteiro: Derek Kolstad
Produção: Basil Iwanyk, Erica Lee, John R. Saunders, Jeff G. Waxman
Estúdio: 
Lionsgate, Thunder Road Pictures
Distribuição no Brasil: Paris Filmes
Estréia: 16/05/2019
Elenco: Keanu Reeves, Asia Kate Dillon, Halle Berry, Jason Mantzoukas, Laurence Fishburne, Ian McShane, Mark Dacascos, Anjelica Huston