Crítica I Adão Negro

Depois de uma década tentando levar o anti-herói à telona, finalmente Dwayne Johnson conseguiu trazer o personagem Adão Negro (em inglês Black Adam) aos cinemas no que, segundo ele, no filme mais importante de sua carreira. Pertencente ao universo de personagens da DC Comics – detentora também de Superman, Batman, Mulher Maravilha, Aquaman, entre outros – esse anti-herói teve sua primeira aparição nos quadrinhos das páginas de ‘The Marvel Family #1’, publicada em dezembro de 1945, entretanto, mais tarde, seus direitos foram adquiridos pela DC Comics no ano de 1973. Os anos se passaram e Black Adam teve sua estreia na nova Editora somente em 1994, na graphic novelThe Power of Shazam’, como antagonista do herói titulo e se firmando como o mais famoso inimigo do Shazam. Muito poderoso, Adão Negro rivaliza até com o Superman pois além de seus poderes serem semelhantes, ele ainda dispõe de magias para as quais, o mais famoso sobrevivente de Krypton, ainda não possui defesa. Para a direção desse importante filme, que tem a missão de fazer bonito nas bilheterias para incentivar – e pagar – novos projetos da DC, foi chamado o diretor francês Jaume Collet-Serra que já tinha trabalhado com Dwayne Johnson em ‘Jungle Cruise’ (idem – 2021) e nos bons ‘A Órfã’ (Orphan – 2009) e ‘Águas Rasas’ (The Shallows – 2016).

Acordado após um sono (ou será prisão?) de cinco mil anos, Adão Negro (Dwayne Johnson) se encontra na fictícia Kahndaq, sua cidade natal, agora, apesar de modernizada, contando ainda com problemas de exploração e dominação que possuem raízes milenares. Tentando entender o contexto atual, o anti-herói vai buscar trazer o que ele entende como ser justiça para aquele povo, mas também atraindo, ao fazer isso, a atenção de outras poderosas pessoas ao redor do mundo que pretendem detê-lo. Se o expectador quer ação, ‘Adão Negro’ vai ser um deleite aos olhos pois em todos os seus três atos temos sequencias de lutas carregadas de CGI – impecável – que são alucinantes e não deixam espaço para diálogos demasiadamente extensos. Muito a vontade no papel, Johnson, parece ter conseguido do estúdio a permissão para não suavizar o personagem, pois diferente dos heróis clássicos, Adão Negro não tem dilemas morais quanto a matar qualquer um que cruze seu caminho. Como dito pelo próprio ator em recente entrevista, os heróis e vilões atuam respectivamente em áreas brancas e pretas, mas existe uma área cinza que é justamente onde atua o seu Adão Negro.

O roteiro do longa traz um belo plot twist (reviravolta) em seu terceiro ato, entretanto, peca em não ter aprofundado – com mais tempo de tela – as motivações e passado de seu vilão o qual não causa envolvimento e sequer repulsa por parte do expectador. Uma excelente opção do enredo foi trazer a Sociedade da Justiça da América (SJA) para a trama, com destaque ao Senhor Destino, interpretado pelo magnifico ator Pierce Brosnan, imortalizado pelo seu papel nos filmes de James Bond. A Sociedade da Justiça da América é um dos primeiros grupos de super-heróis das histórias em quadrinhos – publicada na All Star Comics em 1940 – e que futuramente se tornaria a conhecida Liga da Justiça e dada a sua grande importância, deveria ter sido melhor apresentada no longa com algumas cenas em flashbacks. ‘Adão Negro’ possui alívios cômicos de forma competente e pontual, divertindo, mas sem tornar o longa excessivamente pastelão como ocorreu em alguns filmes recentes da Marvel. Depois da inconstância dos filmes da DC Comics nos últimos anos, que ora nos brindaram com excelentes longas, ora, com outros que nem deveriam ter sido produzidos, ‘Adão Negro’ vai se firmar como um norte a ser seguido para as futuras produções e caso esse padrão de fato se perpetue, a DC pode vir a preocupar a sua maior rival, nessa disputa que em que o fã é o maior beneficiado.

Interessante perceber que ao passo que a fama e o poder de Dwayne Johnson – o ‘The Rock’ – vinha crescendo em Hollywood ao longo dessa última década, sua influência e participação no desenvolvimento do filme cresceram exponencialmente chegando ao ponto de sua visão e escolhas se sobreporem aos dos grandes executivos do estúdio. A produção, pela grandiosidade de seus efeitos especiais – muito caprichados por sinal – deve ser apreciada preferencialmente em formato IMAX, sem esquecer que existe uma excelente cena pós créditos com um gancho para uma vindoura e já aguardada sequência. A estreia de ‘Adão Negro’ no Brasil, ocorre um dia antes em relação a estreia nos EUA (21/10) e certamente teremos um final de semana de grandes expectativas – principalmente para Johnson que colocou seu próprio dinheiro como produtor do longa – para vermos se os raios do protagonista terão o poder de gerar uma grande bilheteria.

Alexandre Carvalho – Editor

Bom

Ficha Técnica:
Título: ADÃO NEGRO (BLACK ADAM)
País/Ano/Duração: EUA, 2022, 124 min.
Classificação: 14 anos
Gênero: Ação, Aventura
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Adam Sztykiel, Rory Haines, Sohrab Noshirvani
Produção: Beau Flynn, Dwayne Johnson, Hiram Garcia, Dany Garcia
Estúdio: Warner Bros.
Distribuição no Brasil: Warner Bros. Brasil
Estreia: 20/10/2022
Elenco: Dwayne Johnson, Aldis Hodge, Noah Centineo, Sarah Shahi, Marwan Kenzari, Quintessa Swindell, Pierce Brosnan, James Cusati-moyer, Bodhi Sabongui, Uli Latukefu