Crítica I SUPERMAN
Disponibilizado para cabine de imprensa para os críticos do Brasil hoje, dia 8 de julho, ‘SUPERMAN’ finalmente chegará aos cinemas nacionais em 10 de julho, um dia antes da estreia norte-americana. Contextualizando o esperado longa, ele inaugura o início do Universo DC (DCU) reinicializado pelos novos CEOs do DC Studios, James Gunn e Peter Safran onde o primeiro assinou tanto o roteiro como a direção do filme, trazendo para si toda a responsabilidade de sucesso (ou não) desse projeto. Gunn, ao exemplo da escalação de Christopher Reeve em 1978 no irretocável ‘Superman: O Filme’ (Superman: The Movie – 1978) – numa acirrada disputa – optou por escolher o então desconhecido David Corenswet para o papel título o qual se tornou o primeiro ator judeu a encarnar o Homem de Aço desde sua criação em 1938. Para o par romântico foi escalada a bela e talentosa Rachel Brosnahan, demonstrando grande química com Corenswet mas quem rouba a cena é mesmo o ator Nicholas Hoult como Lex Luthor, mostrando na telona trejeitos e sadismos jamais vistos no vilão até o momento. Não podemos esquecer do ator Edi Gathegi que faz com competência o Sr. Incrível, interagindo bastante durante todo o longa tanto com Lois Lane como o Superman.
Em termos de roteiro, Gunn já nos joga no meio da ação nos primeiros minutos, onde o telespectador é informado que os meta-humanos já existem na Terra há 300 anos e que somente há 3 anos, o Superman foi revelado à humanidade. Sim, nada de histórias de origem agora e o herói título nem de perto é o primeiro meta-humano a ser conhecido pelos humanos, onde seu surgimento não é tido como um grande acontecimento entre nós, apesar de ser o mais poderoso até o momento. Por falar em poderes, o Superman de Gunn não é invulnerável e varais vezes durante a projeção ele necessita dos raios solares amarelos para se recuperar das batalhas as quais de fato apresentam riscos a sua vida. Já mostrado nos trailers, agora temos o cachorro Krypto ajudando o herói e mesmo a princípio alguns terem ficado céticos por essa escolha que poderia fazer o filme ficar muito pastelão, o diretor soube fazer um competente CGI do pet e inseri-lo na trama com a dose certa de humor, sem comprometer o tom do filme. A abordagem dark e de grandes conflitos internos do antigo diretor Zack Snyder foram abandonadas, assim como houve o retorno da ‘cueca por cima da calça’, novamente sem deixar a película demasiadamente infantilizada já que o novo diretor entendeu que o Superman é um herói do dia e que para trazer esperanças a humanidade ele de início deve apresentar cores claras, vibrantes e uma personalidade bem resolvida.
O enredo não é dos mais complexos e propositadamente todos os desafios do herói na telona, tiveram a participação direta do vilão bilionário Lex Luthor (Nicholas Hoult) que muito antes de desejar a morte do Superman, deseja desacreditá-lo perante a opinião pública, transformando-o em um vilão extraterrestre com intenções ocultas de dominação mundial. Controversa foi a abordagem dada aos pais biológicos do herói que através de uma mensagem recentemente recuperada da nave especial que o salvou é revelada o que seria a verdadeira missão de Kal-El na terra, cabendo a ele segui-la a risca ou trilhar um novo caminho. O elenco de apoio conta com o Sr. Incrível (Edi Gathegi), Lanterna Verde (Nathan Fillion, Engenheira (Maria Gabriela de Faria) e Jimmy Olsen (Skyler Gisondo), todos muito bem conduzidos e contando com um justo tempo de tela, já que o diretor já mostrou grande competência em administrar vários personagens em tela como na trilogia Guardiões da Galaxia. As cenas em Smalville com os pais adotivos não possuem o peso dramático que buscavam ter, mas pelo menos acrescentam mais traços humanos no personagem, fato que a narrativa tenta trazer com o seu ‘maior poder’. É fato que um herói dessa magnitude com inúmeras encarnações tanto no cinema e TV forcem involuntariamente as famigeradas comparações entre atores e diretores o que confesso, tentei evitar, pois acredito em uma análise isolada de cada projeto, contexto histórico e recursos disponíveis de cada época.
O grande acerto de James Gunn foi abraçar o material dos quadrinhos e replicá-lo sem vergonha alguma de estar fazendo um filme de fantasia, onde o extraordinário poder de voar é tratado como algo normal como uma caminhada para nós, o que de fato aconteceria caso o Superman existisse de verdade. Pela profissão de repórter do herói, achei que o Superman pudesse ter uma abordagem mais aguçada para a resolução dos problemas e seus reais causadores, mas a história deixa claro que no campo da sagacidade dessa atividade a personagem Lois Lane (Rachel Brosnahan) é infinitamente mais preparada do que ele, pois não compartilha da sua mesma inocência possivelmente pelo fato de uma criação no interior. A trilha sonora está ótima, trazendo de maneira alterada e sutil os acordes famosos do filme de 1978 criados pela lenda viva John Williams e tidos até hoje como o hino original do Homem de Aço. Mostrando grande desenvoltura tanto em cena como nas entrevistas de divulgação ao redor do mundo – inclusive no Rio de Janeiro – David Corenswet foi uma grande adição ao elenco e soube lidar bem com a pressão e eventuais comparações até o momento. Acredito que mesmo antes de uma quase certa continuação, Superman fará participações em outros projetos de Gunn já que esse grande recomeço dará o tom dos longas vindouros da DC Studios. O longa possui duas cenas pós-créditos e aconselho ser apreciado no formato que foi filmado, isto é, no fantástico iMAX.

Ficha Técnica: Título: SUPERMAN (IDEM)
País/Ano/Duração: Estados Unidos, 2025, 129 min.
Classificação: 14 anos
Gênero: Aventura, Ação
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn
Produção: James Gunn, Peter Safran
Estúdio: Troll Court Entertainment/Safran Company
Distribuição no Brasil: Warner Bros. Pictures
Estreia: 10/07/2025
Elenco: David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nathan Fillion, Isabela Merced, Edi Gathegi, Nicholas Hoult