Crítica | Bloodshot

Com a famosa e divertida franquia Velozes e Furiosos chegando em breve ao seu fim (será mesmo?), o ator Vin Diesel está em busca de novas produções que, se bem aceitas pelo público, lhe renderão mais algumas sequências. A aposta da vez é o anti-herói Bloodshot, um ex-soldado que ressuscitado através de uma alta tecnologia, agora possui em seu sangue um exército de nano robôs que além de lhe conferirem super força, também o fazem se regenerar instantaneamente, tornando-o quase indestrutível. Como nem tudo é perfeito, o soldado teve sua memória apagada várias vezes e é manipulado pela organização RST, para realizar missões secretas, até o momento que ele descobre que está sendo manipulado e se volta contra aqueles que o criaram. Antes de qualquer coisa é importante conhecermos um pouco mais sobre a editora americana Valiant Comics, criadora do personagem título. Ela foi fundada em 1989, valendo-se da alta dos quadrinhos e logo idealizou uma gama de personagens que rapidamente agradou o público. A Valiant Comics em 1994, foi comprada pela Acclaim Entertainment , que na época era especializada em games para consoles, a qual veio a falir. Quando tudo ia de mal a pior para a editora, os direitos autorais de seus personagens foram leiloados e arrematados por um baixíssimo valor pelos visionários Dinesh Shamdasani e Jason Kothari. Em 2012, tudo mudou para melhor com o relançamento de sua gama de personagens totalmente repaginados e com novas histórias e nova apresentação. A aceitação do público foi mais que positiva, colocando novamente a Valiant Comics no circuito das editoras de sucesso.

Agora a Valiant nitidamente deseja expandir seu universo para a telona e sua primeira investida foi Bloodshot. Diesel está muito à vontade no papel de Ray Garrison, convencendo nas cenas de ação em que demonstra estar perdido sem saber ao certo o que é real ou imaginário. Para quem conhece Bloodshot dos quadrinhos irá de cara perceber que algumas cenas retratam de forma fiel as páginas de uma revista em quadrinhos, isso é sempre muito bem-vindo entre a comunidade nerd. É fato que personagens que voltam à vida repaginados apresentando poderes, não é nada original, pois já vimos essa narrativa em infinitos filmes, entre eles Deadpool, Capitão América e Wolverine, só para citar alguns. Entretanto, Bloodshot acertou ao fazer uso de reviravoltas na trama, recurso esse não utilizado nas produções anteriores do gênero e talvez esse seja o seu maior trunfo. O bom roteiro da dupla Eric Heisserer Jeff Wadlow salvou o filme de se tornar mais uma trama batida e de se transformar em mais uma produção genérica e descartável. A surpresa do elenco de apoio ficou a cargo da atriz Eiza González que além de muito bela, também se firmou como uma excelente escolha nas cenas de ação. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito do vilão encarnado pelo ator Guy Pierce que apesar de muito talentoso, aparenta estar “ligado no automático” sem trazer nada de muito convincente em seu papel. A direção de Dave Wilson é competente para um estreante no cargo, pois o seu passado criando efeitos visuais em grandes produções mesclou efeitos práticos e CGI de maneira que capta o espectador da trama, pena que no terceiro ato a ação desenfreada ficou exagerada demais. Além disso, a direção abusa nas cenas em câmera lenta  ao invés de deixar fluir algumas ações em tela, o que provoca aquela sensação de “pé no freio” e que certamente irá incomodar alguns. Marcado por inúmeras sequências de ação, como na cena do túnel com pó branco e luz vermelha, Bloodshot consegue cria algo que irá servir de referência ao gênero nos próximos anos. Bloodshot é uma diversão sem grandes pretensões na carreira de Diesel, e claro, havendo uma boa bilheteria doméstica e mundial, veremos em pouco tempo mais pedacinhos de nanotecnologia voando pelas telonas. 

Alexandre Carvalho – Editor



 Regular

Ficha Técnica:
Título: BLOODSHOT (IDEM)
País/Ano/Duração: Estados Unidos, 2020, 109 min.
Classificação: 14 anos
Gênero: Ficção Científica, Ação
Direção: Dave Wilson
Roteiro: Eric Heisserer, Jeff Wadlow
Produção: Matthew Antoun, Cheryl Eatock, Maurice Fadida, Louis G. Friedman, Jonathan Gray, Toby Jaffe, Jason Kothari, Steve Matzkin, David Mimran, Neal H. Moritz, Buddy Patrick, Matthew Rhodes,Sarah Schroeder-Matzkin, Jordan Schur, Dinesh Shamdasani, Mark Strome, Tyler Thompson
Estúdio: Sony Pictures Entertainment, Bona Film Group, Cross Creek Pictures, Mimran Schur Pictures, Original Film, The Hideaway Entertainment, Valiant Entertainment
Distribuição no Brasil: Sony Pictures
Estréia: 12/03/2020
Elenco: Vin Diesel, Sam Heughan, Eiza González, Guy Pierce e Lamorne Morris