Convenhamos, a ideia de uma inteligência artificial ser tão aprimorada ao ponto de se voltar contra humanos está longe de ser algo original, entretanto, é sempre bom revisarmos o tema sob uma nova perspectiva. Bom, é o que o longa ‘M3GAN’ se propõe já que agora é um brinquedo – mais precisamente uma boneca – que começa a tomar suas próprias decisões. Mas esqueçamos as semelhanças com Annabelle e também com o boneco Assassino Chucky pois o sobrenatural é deixado pra trás e de fato agora é a tecnologia a grande vilã da história. A trama é rasa, onde uma cientista de criação de uma grande empresa de brinquedos resolve desenvolver uma boneca com inteligência própria para ajudar a sua sobrinha a superar a recente perda de seus pais em um trágico acidente de carro. Gemma (Allison Williams do excelente e premiado ‘Corra’), a tia cientista, se vale de um projeto que estava ‘engavetado’ e o finaliza com uma rapidez impressionante e bingo, temos a companhia perfeita para a pequena órfã Cady (Violet McGraw). A ideia do longa partiu do aqui produtor James Wan (diretor de ‘Aquaman’, ‘Saw’, ‘Insidious’, ‘The Conjuring’) que teve o projeto recusado pela Warner Bros. justamente por já ter em seu catálogo a franquia Annabelle. Com isso, Wan levou o material ao produtor Jason Blum, da Blumhouse Productions, que trabalha com os estúdios da Universal Pictures e então o longa teve seu sinal verde.
Em ‘M3GAN’ – Model 3 Generative ANdroid – os roteiristas, para surpreender o público, fizeram com que a personagem título não perseguisse a sua dona, muito pelo contrário – a protegesse de tudo e todos e justamente por causa dessa superproteção (pra lá de exagerada) é que os problemas começam a surgir. Existe uma referência sutil para os mais velhos em ‘M3GAN’ onde a cientista criadora da cyborg solicita que ela trave e siga com seus olhos de câmera uma caneta em movimento onde temos uma homenagem (ou cópia?) do que ocorreu no clássico filme ‘Robocop’ de 1987 enquanto eram realizados testes naquela máquina. Destaque para a interpretação da boneca realizada pela atriz e dublê de corpo Amie Donald a qual, pelo seu passado de dança, realiza fisicamente o que poucas atrizes mirins poderiam de fato fazer. Vale inclusive ressaltar que no longa, temos uma intrigante coreografia de dança durante uma matança e pasmem, também nos deliciamos com a boneca cantando a famosa música ‘Titanium’ de David Guetta em clara alusão à sua própria composição corporal. O diretor Gerard Johnstone (Housebound – 2014) faz um bom trabalho a não exagerar nos cortes nas cenas de ação, deixando-as com mais fluidez, contudo, suavizando alguns elementos gore com a clara intenção de não ter a censura aumentada.