Baseado – mas com muita liberdade criativa – nos quadrinhos ‘Castelo de Areia’ (Sandcastle – 2011), dos franceses Pierre Oscar Lévy e Frederik Peeters, ‘Tempo’ é o sexto filme do controverso diretor (e aqui também roteirista) M. Night Shyamalan. Inicialmente avesso à adaptações, nesse caso o diretor teria aberto uma exceção pois segundo palavras deste “a obra tinha uma cadência veloz que me interessava e falava das coisas em que eu estava pensando. Então veio no tempo certo”. A premissa é interessante onde em uma praia secreta, alguns hóspedes de um resort exclusivo percebem que naquele local o tempo passa muito rapidamente, acelerando o envelhecimento de todos indiscriminadamente. Inspirado certamente por Hitchcock que adorava fazer pontas em seus filmes, aqui, M. Night Shyamalan faz bem mais que uma participação, desempenhando um papel relevante justamente em momentos chaves do longa, tanto em seu início como no terceiro e fraco terceiro ato. As questões derivadas desse problema do tempo desperta o melhor e o pior dos desafortunados aprisionados naquele local onde ao passo que tentam entender o que está ocorrendo, estes buscam desesperadamente um meio de sair daquele cativeiro natural cercado por rochas e um mar revolto sem entretanto nunca deixar claro onde se localiza aquele cenário.

A desorientação dos protagonistas – sim, não existe um único destaque – é reforçada pela câmera do diretor que propositadamente se desloca, ora desfocando os atores em cena e mostrando-os apenas em detalhes, ora, se movendo lentamente tentando acompanhar o caminhar ou o ângulo de visão de algum deles. O elenco, apesar de competente e contanto com nomes como Gael García Bernal, parece ter sofrido com o roteiro que foi 50% aproveitado da Graphic Novel e 50% criado originalmente notadamente em relação ao seu desfecho. O fato é que não nos importamos em nenhum momento com o que acontece com os personagens, suas angústias e dilemas e o telespectador basicamente se restringe a tentar entender o que de fato está havendo naquele paradisíaco e perigoso local. O tempo, que funcionaria com a mola propulsora da trama, é mediocremente retratado onde vemos o seu efeito de envelhecimento afetar fisicamente poucos personagens, ignorando a maquiagem e demais consequência, pasmem, no restante do elenco. Um determinado Rapper, também aprisionado naquela praia, simplesmente não apresenta durante o longa qualquer sinal de envelhecimento mesmo este já estando lá há muito mais tempo que os demais personagens. As crianças que crescem rapidamente deixam a dúvida se elas possuem ainda a mentalidade de criança em um corpo de adolescente ou se a ‘maturidade’ também acompanharia o crescimento físico, já que a sexualidade é abordada fartamente no longa. Essa dubiedade compromete em parte a atuação dos diferentes atores que interpretam os mesmos personagens e faz com que o telespectador saia do foco da trama para tentar encontrar a resposta para esses pequenos, constantes e desnecessários questionamentos.

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