Ninguém imaginava (incluindo o próprio estúdio, elenco e produtores) que o filme de baixo orçamento ‘Velozes & Furiosos’ (Fast & Furious – 2001) dirigido por Rob Cohen renderia tantas continuações (e grana), contanto com uma nona sequencia em 2021. Sim, a franquia de carros (será?) comemora com ‘F9′ 20 (vinte) anos de existência, algo realmente difícil de se alcançar na sétima arte. Toda essa longevidade alavancou a carreira de atores medianos como Vin Diesel (agora também produtor) e Tyrese Gibson, esse último sem conseguir emplacar uma grande atuação em nenhum de seus papeis secundários em outras produções. Impossível deixar de lembrar da morte prematura do talentoso ator Paul Walker em 2013 – por ironia em um acidente de carros – deixando uma lacuna na franquia a qual, pasmem, ainda não encontrou uma maneira de dar um desfecho honroso ao personagem Brian O’Conner, citado e recriado digitalmente nos filmes posteriores ao seu falecimento. Se fosse possível definir ‘F9’ com uma palavra, essa seria sem dúvida nenhuma, DESPRETENCIOSO. Abraçando o tom leve dos últimos filmes e priorizando a ação em detrimento do desenvolvimento e motivações dos personagens, o nono filme continua desafiando totalmente as leis da física além de tornar a complexa arte de hackear computadores e customizar veículos como algo possível de se fazer em minutos (ou segundos).

Nessa empreitada, sem nenhum plot twist, a ‘novidade’ fica por conta do surgimento do irmão de ‘Don’ Toretto interpretado pelo linear ator John Cena, que também prejudicado pelo fraco roteiro não traz qualquer motivação ou profundidade ao personagem. Dizem nos bastidores que Vin Diesel, após reais desentendimentos com o ator Dwayne Johnson – ou The Rock – em produções passadas, escolheu justamente Cena por ser o eterno rival de Rock na luta livre americana (WrestleMania) como forma de alfinetá-lo sutilmente. Antecipada pelos famigerados e reveladores trailers, foi a volta dos mortos do carismático e sempre mastigando algo, Han Lue, interpretado pelo ator Sung Kang, ‘morto’ em um acidente de carros em ‘Velozes & Furiosos – Desafio em Tóquio’ (The Fast and the Furious: Tokyo Drift – 2006) na tentativa de acrescentar alguma nostalgia ao longa. Nostalgia inclusive é o tom de ‘F9’ pois além do retorno de inúmeros personagens secundários dos filmes anteriores temos agora flashbacks constantes do jovem Don Toretto, em diversos momentos do início da sua relação com carros, família, velocidade e contravenções. O CGI do longa, por incrível que pareça, foi usado minimante pois a direção optou essencialmente por cenas reais e até quando vemos um enorme caminhão blindado girar no ar em uma perseguição, acreditamos estar diante de efeitos especiais quando de fato toda aquela ação foi planejada e executada nas ruas. Muitas das cenas de ação na telona derivaram de um artefato magnético instalado nos carros dos protagonistas, atraindo e repelindo objetos metálicos e quando isso ocorre com veículos, estes realmente estavam nas avenidas, onde o CGI fora utilizado apenas para ocultar câmeras, trilhos e demais equipamentos necessários às mirabolantes manobras.

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