Crítica | Aquaman

Depois dos sucessivos fiascos da DC Comics no cinema culminando com o fraquíssimo ‘Liga da Justiça’ (Justice League – 2017) o qual arrecadou míseros U$ 657 milhões mundialmente (sim, para os padrões dos super heróis é um valor bem baixo) o anunciado filme do Aquaman foi recebido de forma bem morna pois o público não sabia qual seria a exatamente o rumo que o projeto seguiria. Vale lembrar que o personagem criado por Paul Norris e Mort Weisinger que fez sua estreia nas revistas em quadrinhos More Fun Comics #73 no ano de 1941 nunca foi realmente levado muito a sério pelos leitores e essa ”pegada” bem humorada perdurou até sua inclusão nos desenhos animados posteriores pois ele falava com sardinhas em lata em supermercados sem o menor receio de ser ridicularizado. No cinema, o personagem fez sua estreia como integrante do grupo Liga da Justiça no filme do mesmo nome mas sem grande destaque pois seu ambiente aquático não teria como ser devidamente abordado naquela ocasião além de que seu espaço em tela teria que ser dividido entre os demais membros do famoso time. Mesmo com o fracasso de bilheteria do filme da equipe, a DC Comics ainda quis apostar no filme solo do Rei de Atlantis e contratou o competente diretor James Wan (Velozes e Furiosos 7) para roteirizar o dirigir essa que talvez fosse a última aposta contra o universo já bem estabelecido criado pela concorrente Marvel. Os trailers, sempre repletos de spoilers dispensáveis da trama, já encantaram o público pelo visual colorido e pelos efeitos especiais debaixo da água e quando o longa estreou em dez/2018 já tratou de quebrar vários recordes de público e até o fechamento da matéria a arrecadação mundial já estava bem próxima de alcançar o seleto grupo do U$ 1 bilhão.

Aquaman de imediato já faz questão de mostrar que rompeu com a estética ”dark” e monocromática do diretor Zack Snyder (Man of Steel – 2013; Batman vs. Superman: Dawn of Justice – 2016) pois traz visuais extremamente coloridos sem medo de ser chamado de brega (aliais, o filme se assume dessa forma). No longa, recheado de flashbacks, vemos o mestiço (meio homem, meio ser subaquático) tentando achar seu lugar entre esses dois mundos sem na realidade pertencer a nenhum deles. Essa característica híbrida é tida por sua mãe como a possibilidade justamente dele ser essa ponte entre a terra e o mar, trazendo paz e harmonia entre eles. Entretanto, nessa jornada o herói deve lidar com seu meio irmão e um outro vilão secundário que busca vingança pela morte de seu pai.  O roteiro, assinado por várias mãos, não é nada complexo nem tenta inventar a roda, apenas entrega uma história leve, repleta de ação e que realizada com a tecnologia atual, abusa do CGI (como não poderia deixar de ser em um mundo submerso) o qual está competente e presente em quase toda sequencia de ação do filme. Atores de renome fazem papeis secundários mas fundamentais na trama como Nicole Kidman no papel de rainha, mãe aquática do herói e Willem Dafoe como o mentor/treinador do protagonista, conferindo credibilidade a produção. A bela Amber Heard por sua vez, entrega uma interpretação mediana da heroína Mera, par romântico do Aquaman, e futuramente em uma possível sequência poderemos ver um desenvolvimento maior da personagem que controla a água. A trilha sonora assinada por Rupert Gregson-Williams é competente e faz seu papel de imersão na trama mas sem nenhum momento icônico com os vistos em Supermam: O Filme (1978).

Tecnicamente Aquaman é um filme ”redondo” e a escolha de James Wan para a direção se mostrou mais que acertada o qual entregou a DC Comics o filme de maior sucesso dentre o gênero de super heróis daquela empresa, superando até o bom ‘Mulher Maravilha’ (Wonder Woman – 2017) que fez belos U$ 822 milhões mundialmente.  A direção optou por não recriar as bolinhas de ar saindo da boca dos personagens ao se comunicarem em baixo da água mas reproduziu um certo efeito de ”eco” para a propagação do som das falas naquele ambiente. Talvez a falha de Aquaman seja não criar uma grande profundidade nos personagens sem contar a falta de química entre o casal principal entretanto um personagem que deixou um gostinho de querermos saber mais sobre ele é sem dúvida o vilão Arraia Negra, interpretado pelo competente Yahya Abdul-Mateen II, o qual deverá retornar em uma inevitável (mas ainda não anunciada) sequência. Parece mesmo que pelo menos no momento, a DC Comics tem mais chances de acertos em filmes solos de seus personagens do que de todos reunidos e pelo andar da carruagem esse será o caminho das próximas produções para tentarem se igualar aos sucessos da concorrente e já bem estabelecida MarvelPantera Negra (Black Panther – 2018) provou que mesmo heróis desconhecidos de ”segunda classe” podem fazer muito sucesso se o filme for realizado da maneira correta e Aquaman aprendeu a lição e veio reforçar ainda mais essa linha pensamento.

Um lamentável fato foi uma recente ”montagem” criminosa aparentemente realizada por brasileiros (ponto negativo para nós) onde um vídeo editado de maneira tendenciosa, sugere que o ator Jason Mamoa estaria assediando suas filhas o que sabemos que jamais aconteceu. O ator é conhecido por ser pai amoroso e participativo e o mesmo, juntamente com o seu fã clube nacional já estão tomando as medidas administrativas e judiciais para punirem os responsáveis. Contudo, sabemos que as fake news podem causar grande estrago naqueles que as recebem sem o devido zelo de buscar suas fontes e nós podemos apenas torcer na justa punição dos culpados e nas reparações necessárias aplicáveis ao caso. Aquaman é um maravilhoso filme de aventura que vai encantar os espectadores com seu visual deslumbrante e colorido o qual será apreciado igualmente por aqueles que desconhecem totalmente o personagem e apenas buscam um entretenimento com muita qualidade na produção. Esperamos que a DC Comics aplique essa fórmula que deu certo em suas próximas produções como Shazam, The Batman, Joker, Lanterna Verde, Flash, entre outros, pois os fãs agradecem.

Alexandre Carvalho – Editor

Muito Bom

Ficha Técnica:
Título: AQUAMAN (IDEM)
País/Ano/Duração: Estados Unidos, 2018, 142 min.
Classificação: 12 anos
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
Direção: James Wan
Roteiro: James Wan, Paul Norris, Mort Weisinger, Geoff Johns, Will Beall, David Leslie Johnson-McGoldrick, Will Beall
Produção: Zack Snyder, Khadija Alami, Jon Berg, Rob Cowan, Geoff Johns, Mark O’Neill, Peter Safran, Enzo Sisti, Deborah Snyder
Estúdio: DC Comics, DC Entertainment, Warner Bros.
Distribuição no Brasil: Warner Bros.
Estréia: 13/12/2018
Elenco: Jason Momoa, Alice Lanesbury, Amber Heard, Dolph Lundgren, Dylan Stumer, Gabriella Petkova, Graham McTavish, Kaan Guldur, Ludi Lin, Yahya Abdul-Mateen II, Nicole Kidman, Willem Dafoe