Crítica | Bohemian Rhapsody

Bom, primeiramente vamos esclarecer que mesmo sendo um filme baseado na inesquecível banda Queen, se o ator Rami Malek (série Mr. Robot e Papillon) não convencesse como Freddie Mercury, nada mais funcionaria no longa ‘Bohemian Rhapsody’ e este seria um desastre colossal. Calma, isto não aconteceu e o ator dá conta sim do trabalho e caso ele venha a ser indicado ao Oscar, isso não me surpreenderia. Malek, auxiliado por figurinos históricos e recriados aqui com grande competência e precisão para os clips e apresentações, mostra desenvoltura no palco trazendo os trejeitos mais famosos de Freddie Mercury além de ter tido sua voz mesclada com a de um interprete atual, na tentativa de sucesso de se evitar uma simples dublagem de playback. Passado esse temor inicial, vale lembrar que anteriormente o ator de comédias Sacha Baron Cohen era o mais cotado para o papel principal mas divergências criativas (sempre elas) notadamente nos aspecto do ator desejar retratar momentos menos gloriosos do cantor, o tiraram do projeto. Vale lembrar que o diretor Bryan Singer (Os Suspeitos, X-Men e Superman Returns) foi demitido no meio das filmagens (e substituído por Dexter Fletcher) mas ainda teve seu nome creditado no filme, possivelmente pelas normas que o sindicato dos diretores impõe em situações atípicas como essa. É sabido que filmes feitos a duas mãos”  no quesito direção costumam falhar e recentemente tivemos o exemplo de Liga da Justiça (Justice League – 2017) mas em ‘Bohemian Rhapsody’, talvez pela maior parte do filme já ter sido gravada, não fica tão evidente esse contratempo ocorrido nos bastidores no resultado final entregue na telona.

No longa, acompanhamos a história do já prematuramente talentoso Farrokh Bulsara, que posteriormente adotaria o nome que o imortalizaria de Freddie Mercury, durante a formação da icônica banda, abordando todas as dificuldades pelas quais todo início artístico traz em seu bojo.  A narrativa ágil e empolgante deve-se ao bom roteiro assinado por Anthony McCarten (A Teoria de Tudo) o qual aborda, como não poderia deixar de ser, a opção sexual do protagonista, mas propositadamente omite aspectos digamos mais hardcore dos bastidores da banda e de seu ícone como drogas, orgias, entre outros. Contudo, o roteiro pode desagradar aos amantes mais fervorosos do Queen que irão certamente observar que a cronologia dos eventos não foi seguida de forma correta mas que o grande público dificilmente irá perceber esse proposital desvio. Sobre a trilha sonora em um longa que trata do que talvez seja uma das bandas mais famosas da história (ao lado dos Beatles) onde a audiência é brindada com sucessos como “We Will Rock You”  é redundante afirmar que ela funciona magistralmente. No cinema, onde encontramos a experiência mais completa do que em home video (quando for disponibilizado) somos transportados para momentos históricos da banda, recriados de forma competente e desafio até para o espectador menos sensível, não se emocionar e não cantar junto mentalmente (ou não) os sucessos da banda.

O CGI (sim, ele existe) do filme é medíocre na recriação das plateias, mas não chega ao ponto de estragar a imersão na trama já que nesse momento o telespectador encontra-se embalado nos hits históricos do Queen. Não devemos encarar ‘Bohemian Rhapsody’ como um filme biográfico (ainda que tentem vendê-lo dessa forma nacionalmente) pois além de ser uma árdua tarefa condensar em 2h15 os acontecimentos mais relevantes da vida de Freddie Mercury, o projeto funciona mais como uma grande homenagem a famosa banda além de trazer ao conhecimento de toda uma nova geração o sentido real de se possuir talento, o que parece ter sido esquecido nos dias de hoje; infelizmente. ‘Bohemian Rhapsody’ é um filme de puro entretenimento que talvez sua maior falha seja não trazer nada de novo em relação ao protagonista que o grande público desconhecesse mas que é parada obrigatória aos amantes da banda e de seu vocalista controverso e icônico. É inegável o impacto do Queen na história do Rock que teve em seu líder um artista a frente do seu tempo e que com sua voz inigualável embalará ainda gerações por vir.

Alexandre Carvalho – Editor

 Bom

Ficha Técnica:
Título: BOHEMIAN RHAPSODY (IDEM)
País/Ano/Duração: Estados Unidos , 2018 , 135 min.
Classificação: 14 anos
Gênero: Drama, Biografia
Direção: Dexter Fletcher; Bryan Singer
Roteiro: Anthony McCarten
Distribuição: Fox Film do Brasil
Estréia: 01/11/2018
Elenco: Rami Malek, Aaron McCusker, Ace Bhatti, Aidan Gillen, Alicia Mencía Castaño, Allen Leech, Ben Hardy, Charlotte Sharland, Dickie Beau, Gwilym Lee, Ian Jareth Williamson, Israel Ruiz, Jess Radomska