Categoria: Críticas

Crítica I M3GAN

Convenhamos, a ideia de uma inteligência artificial ser tão aprimorada ao ponto de se voltar contra humanos está longe de ser algo original, entretanto, é sempre bom revisarmos o tema sob uma nova perspectiva. Bom, é o que o longa ‘M3GAN’ se propõe já que agora é um brinquedo – mais precisamente uma boneca – que começa a tomar suas próprias decisões. Mas esqueçamos as semelhanças com Annabelle e também com o boneco Assassino Chucky pois o sobrenatural é deixado pra trás e de fato agora é a tecnologia a grande vilã da história. A trama é rasa, onde uma cientista de criação de uma grande empresa de brinquedos resolve desenvolver uma boneca com inteligência própria para ajudar a sua sobrinha a superar a recente perda de seus pais em um trágico acidente de carro. Gemma (Allison Williams do excelente e premiado ‘Corra’), a tia cientista, se vale de um projeto que estava ‘engavetado’ e o finaliza com uma rapidez impressionante e bingo, temos a companhia perfeita para a pequena órfã Cady (Violet McGraw). A ideia do longa partiu do aqui produtor James Wan (diretor de ‘Aquaman’, ‘Saw’, ‘Insidious’, ‘The Conjuring’) que teve o projeto recusado pela Warner Bros. justamente por já ter em seu catálogo a franquia Annabelle. Com isso, Wan levou o material ao produtor Jason Blum, da Blumhouse Productions, que trabalha com os estúdios da Universal Pictures e então o longa teve seu sinal verde.

Em ‘M3GAN’  Model 3 Generative ANdroid – os roteiristas, para surpreender o público, fizeram com que a personagem título não perseguisse a sua dona, muito pelo contrário – a protegesse de tudo e todos e justamente por causa dessa superproteção (pra lá de exagerada) é que os problemas começam a surgir. Existe uma referência sutil para os mais velhos em ‘M3GAN’ onde a cientista criadora da cyborg solicita que ela trave e siga com seus olhos de câmera uma caneta em movimento onde temos uma homenagem (ou cópia?) do que ocorreu no clássico filme ‘Robocop’ de 1987 enquanto eram realizados testes naquela máquina. Destaque para a interpretação da boneca realizada pela atriz e dublê de corpo Amie Donald a qual, pelo seu passado de dança, realiza fisicamente o que poucas atrizes mirins poderiam de fato fazer. Vale inclusive ressaltar que no longa, temos uma intrigante coreografia de dança durante uma matança e pasmem, também nos deliciamos com a boneca cantando a famosa música ‘Titanium’ de David Guetta em clara alusão à sua própria composição corporal. O diretor Gerard Johnstone (Housebound – 2014) faz um bom trabalho a não exagerar nos cortes nas cenas de ação, deixando-as com mais fluidez, contudo, suavizando alguns elementos gore com a clara intenção de não ter a censura aumentada.

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Crítica I Adão Negro

Depois de uma década tentando levar o anti-herói à telona, finalmente Dwayne Johnson conseguiu trazer o personagem Adão Negro (em inglês Black Adam) aos cinemas no que, segundo ele, no filme mais importante de sua carreira. Pertencente ao universo de personagens da DC Comics – detentora também de Superman, Batman, Mulher Maravilha, Aquaman, entre outros – esse anti-herói teve sua primeira aparição nos quadrinhos das páginas de ‘The Marvel Family #1’, publicada em dezembro de 1945, entretanto, mais tarde, seus direitos foram adquiridos pela DC Comics no ano de 1973. Os anos se passaram e Black Adam teve sua estreia na nova Editora somente em 1994, na graphic novelThe Power of Shazam’, como antagonista do herói titulo e se firmando como o mais famoso inimigo do Shazam. Muito poderoso, Adão Negro rivaliza até com o Superman pois além de seus poderes serem semelhantes, ele ainda dispõe de magias para as quais, o mais famoso sobrevivente de Krypton, ainda não possui defesa. Para a direção desse importante filme, que tem a missão de fazer bonito nas bilheterias para incentivar – e pagar – novos projetos da DC, foi chamado o diretor francês Jaume Collet-Serra que já tinha trabalhado com Dwayne Johnson em ‘Jungle Cruise’ (idem – 2021) e nos bons ‘A Órfã’ (Orphan – 2009) e ‘Águas Rasas’ (The Shallows – 2016).

Acordado após um sono (ou será prisão?) de cinco mil anos, Adão Negro (Dwayne Johnson) se encontra na fictícia Kahndaq, sua cidade natal, agora, apesar de modernizada, contando ainda com problemas de exploração e dominação que possuem raízes milenares. Tentando entender o contexto atual, o anti-herói vai buscar trazer o que ele entende como ser justiça para aquele povo, mas também atraindo, ao fazer isso, a atenção de outras poderosas pessoas ao redor do mundo que pretendem detê-lo. Se o expectador quer ação, ‘Adão Negro’ vai ser um deleite aos olhos pois em todos os seus três atos temos sequencias de lutas carregadas de CGI – impecável – que são alucinantes e não deixam espaço para diálogos demasiadamente extensos. Muito a vontade no papel, Johnson, parece ter conseguido do estúdio a permissão para não suavizar o personagem, pois diferente dos heróis clássicos, Adão Negro não tem dilemas morais quanto a matar qualquer um que cruze seu caminho. Como dito pelo próprio ator em recente entrevista, os heróis e vilões atuam respectivamente em áreas brancas e pretas, mas existe uma área cinza que é justamente onde atua o seu Adão Negro.

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Crítica I Top Gun: Maverick

E lá se vão 36 anos desde ‘Top Gun – Ases Indomáveis’ (Top Gun – 1986), longa que de fato levou o ator Tom Cruise ao estrelato mundial e fez muita adolescente – hoje quarentona – afixar o astro de jaqueta e óculos de sol na parede de seu quarto (e armário). Naquela época, a canção “Take My Breath Away” fez igualmente um estrondoso sucesso mundial, embalando momentos românticos de muitos casais e de quebra, no ano seguinte, faturando o Oscar de melhor canção original pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Com a nova produção, a talentosa Lady Gaga é a encarregada de trazer a atmosfera romântica com a canção ‘Hold My Hand’ (Lady Gaga), que deve concorrer mais uma vez ao Oscar, mas por já ter ganhado uma estatueta com ‘Shallow’ – canção do filme ‘Nasce Uma Estrela’ – fica bem mais distante uma nova premiação a Gaga ainda que ela seja a atual queridinha de Hollywood. Durante décadas – segundo o próprio Tom Cruise – em toda divulgação de seus demais filmes em uma carreira de extremo sucesso, o astro era sempre indagado por uma sequência de Top Gun e apesar de não ter uma resposta, o ator afirmava se ela viesse a acontecer, ele de fato gostaria de pilotar os jatos de verdade nessa eventual continuação.

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Crítica I Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

O longa ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’ com o próprio nome diz, é a mais recente tentativa – bem sucedida – da Marvel de construir e explicar o seu conceito de Multiverso. Justamente por isso, o telespectador que não viu o longa ‘Homem-Aranha- Sem Volta pra Casa‘ (Spider-Man: No Way Home – 2021) e as recentes séries de TV do Disney+,  WandaVision (2021) e Loki (2021) – entre outros – ficará totalmente perdido e sem entender as motivações dos personagens, notadamente as da vilã. Sim, agora a mola propulsora do bom roteiro é o instinto de mãe de Wanda Maximoff  ou melhor, Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), que ainda inconformada com a ‘perda dos filhos’ ocorrida em sua série de TV, busca em outros universos uma versão de si mesmo em um contexto de felicidade familiar. Ao melhor estilo ‘os fins justificam os meios’, a Feiticeira Escarlate terá que enfrentar agora o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e Wong (Benedict Wong) que tentarão proteger a nova personagem America Chavez (Xochitl Gomez) já que esta é parte fundamental dos planos da poderosíssima antagonista. O todo poderoso da Marvel, Kevin Feige, tentando sempre inovar em suas produções, chamou para a direção o veterano Sam Raimi, famoso por dirigir a trilogia original do Homem-Aranha com Tobey Maguire, entretanto, poucos sabem de sua verdadeira raiz no terror pois sua carreira começou com a direção da trilogia ‘Uma Noite Alucinante’ (1981-1993), ‘Darkman: Vingança Sem Rosto’ (Darkman – 1990) e ‘Arrasta-me para o Inferno’ (Drag Me to Hell – 2009). A excelente direção de Raimi nesse tipo de filme de fato trouxe um estilo novo ao longa, com câmeras rápidas, muitos sustos e uma atmosfera que em muitos momentos a audiência vai mesmo pensar que está vendo um filme clássico de terror.

Depois de Doutor Estranho original e de várias participações em filmes da Marvel, Benedict Cumberbatch está super confortável com seu papel, e mesmo não precisando disso, pois possui uma bela carreira, o ator veio a ficar conhecido – e lembrado – mundialmente com o personagem do Mago mais famoso dos quadrinhos o qual o acompanhará possivelmente por toda a sua vida. Tivemos o retorno do interesse romântico do Feiticeiro encarnado pela boa atriz Rachel McAdams, encarnando versões diferentes da Dra. Christine Palmer, mas a novidade no elenco ficou mesmo com a introdução da heroína que abre portais entre os Multiversos, America Chavez, vivida pela atriz canadense, Xochitl Gomez, que havia participado da série ‘Baby-Sitters Club‘, da Netflix. Entretanto, o destaque mesmo em ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’ fica a cargo da agora vilã Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) que mais poderosa e determinada, vem cativando os fãs de maneira surpreendente desde a sua introdução em ‘Vingadores: Era de Ultron’ (Avengers: Age of Ultron – 2015). A competente atriz Elizabeth Olsen consegue trazer toda a carga emocional de suas motivações na qualidade de mãe, assim como entrega excelentes cenas de ação ao passo que também imprimi medo com o seu olhar característico que sabemos que algo – não muito bom – acontecerá em seguida. A trilha sonora é outro ponto alto do filme onde o diretor Sam Raimi – sem surpresas – chamou novamente seu antigo parceiro e colaborador, o cantor e compositor Danny Elfman (vocalista da extinta banda Oingo Boingo da música ‘Stay’) , o qual mostrou ainda uma excelente forma ao nos brindar com uma trilha que casa com maestria com tudo o que estamos vendo na telona.

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Crítica | Morbius

Não pude me fazer presente na cabine de imprensa do filme ‘Morbius‘, portanto, o assisti na ocasião da estreia nacional já sendo bombardeado com uma grande reação negativa da crítica internacional em relação ao longa. Por mais que o crítico na hora de escrever deva isolar os efeitos de qualquer avaliação inicial ao produto – mantendo-se inteiramente blindado e neutro -, permanece em sua mente aquela curiosidade mórbida (com perdão do trocadilho…) no sentido de aferir se de fato aquela determinada produção é realmente tão problemática. A origem do anti-herói ocorreu em uma participação nos quadrinhos na edição The Amazing Spider-Man # 101 (outubro de 1971), na história conhecida como ‘Saga dos seis braços’ mas foi no desenho animado Spider-Man: The Animated Series (no Brasil, Homem-Aranha) exibido de 1994 a 1998 que ele de fato ficou conhecido do grande público. No filme ‘Morbius’, o roteiro foi fiel quanto a origem do personagem, mostrando o gênio Dr. Michael Morbius (Jared Leto) tentando fundir o DNA humano com o de um morcego na desesperada corrida contra o tempo para se curar de uma rara doença em seu sangue.

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Crítica I O Filho Único do Meu Pai

Indiscutivelmente berço do humor nacional, o Ceará há décadas vem fomentando e exportando para o resto do Brasil – com extremo sucesso – nomes icônicos e belas produções nesse segmento. Rodado inteiramente em Fortaleza, ‘O Filho Único do Meu Pai’ é a mais nova arma desse arsenal humorístico, buscando com uma linguagem leve – e sem exagerar nas famosas gírias locais – cativar o público com boas risadas. O enredo é focado na rotina de Lucas (Jotapê Lima – que também assina o roteiro), um desmotivado analista de logística, que após ter flagrado sua então namorada (Beatriz Feitosa) na cama com outro, passa a ver menos graça ainda em sua já monótona vida. Em seu trabalho, ao passo que Lucas tem que administrar sua desgastada relação com um chefe (Robério Diógenes) egocêntrico e manipulador – rendendo boas risadas – este encontra em fantasiar com a ‘colega sensual do trabalho’ seu único momento de ‘prazer’. 

Tudo vira de pernas para o ar quando, inesperadamente, o protagonista recebe a visita inusitada de seu pai (Hiroldo Serra), um ator aposentando que logo percebe que seu filho ‘Lulu’ tomou uma série de decisões erradas nos últimos anos, portanto, algo deve ser feito. No segundo ato, o longa apresenta diversas situações engraçadas envolvendo a dinâmica da relação entre pai e filho, muitas delas em tomadas externas homenageando pontos turísticos da ‘Terra do Sol’, como a icônica Ponte dos Ingleses, apelidada carinhosamente pelos cearenses de Ponte Metálica. Entretanto, a iluminação artificial das tomadas internas apresenta um tom ‘escurecido’ podendo não agradar ao grande público, ainda que isto possa ter sido uma opção da direção – na pós produção – de aplicar uma palheta de cores dark que retrate a ‘vibe deprê’ da qual o protagonista está vivenciando.

O enredo ainda encontra lugar para participações pontuais e bem contextualizadas como a dos talentosos Mano Alencar e Totonho Laprovitera, ícones e orgulho dos cearenses em seus respectivos segmentos. Com um final previsível mas gratificante, ‘O Filho Único do Meu Pai’ é um filme despretensioso que alcança seu evidente objetivo: agradar ao público que busca momentos de boas risadas. Lançado nos cinemas no final de 2021, o longa agora está disponível nas plataformas digitais como Apple TV, Google Play, Vivo Play e Looke.

Alexandre Carvalho – Editor 

Bom

Ficha Técnica:
Título: O FILHO ÚNICO DO MEU PAI (IDEM)
País/Ano/Duração: BRASIL, 2021, 96 min.
Classificação: Livre
Gênero: Comédia
Direção: Dado Fernandes
Roteiro: Jotapê Lima
Produção: D1 Realizações e Sinfronio Produções
Estúdio: ND
Distribuição no Brasil: D1 Realizações
Estreia: 23/09/2021
Elenco: Jotapê Lima, Hiroldo Serra, Robério Diógenes, Larissa Goes, Matheus Franklin, Beatriz Feitosa, Hiramissa Serra, Daniele Soares, Pedro Domingues, Gilson Tenório, Willian Mendonça

Crítica I Batman

A Adaptação para o cinema do personagem Batman – criado pelo desenhista Bob Kane e pelo escritor Bill Finger em 1939 – teve, como sabemos, altos e baixos. Depois da excelente estreia na telona em 1989 com o longa ‘Batman’ – com a direção de Tim Burton e tendo o ator Michael Keaton na pele do morcego vigilante – o personagem experimentou muitas pesadas críticas nos anos seguintes notadamente pelo tom pastelão da era do diretor Joel Schumacher (falecido em 2020) que, pasmem, incluiu até ‘bat-mamilos’ no traje do personagem. Para botar ordem na casa e termos uma abordagem mais realista, foi chamado o talentoso diretor Christopher Nolan (Amnésia, Tenet, A Origem) que iniciou com Batman Begins’ (idem – 2005) uma trilogia excessivamente aclamada pelo público e crítica. Surpreendentemente, logo após a produção de ‘Liga da Justiça’ (Justice League – 2017) a Warner Bros. entregou a direção e roteiro de um novo Batman justamente para o ator que estava vivendo o personagem naquela produção: Ben Aflleck. Problemas particulares na vida do ator (separação conjugal e luta contra o alcoolismo) suspenderam o projeto mas naquela altura um roteiro já havia sido escrito. Nesse sentido, a produtora chamou para dirigir aquele projeto, o competente diretor Matt Reeves (Planeta dos Macacos, Deixe-me Entrar) o qual aceitou a arriscada missão mas exigindo que ele colaborasse com um novo roteiro, tudo para que somente a sua visão do personagem fosse filmada, sem as ideias de uma história já pronta, contendo abordagens que não conteria seu DNA. Finalmente, em fevereiro de 2022, Reeves nos entrega um Batman ainda mais realista e tendo por ironia do destino o ator Robert Pattinson, que foi lançado em Hollywood pela saga Crepúsculo vivendo o vampiro Edward, dando vida icônico personagem. 

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Crítica | Matrix Resurrections

E se passaram 22 (vinte e dois) anos desde que ‘Matrix’ (idem – 1999) abalou o mundo do cinema em 1999, estabelecendo novos padrões de filmagens e efeitos visuais inéditos até a época ao passo que lançavam as diretoras Lana Wachowski e Lilly Wachowski (na época ainda eram chamados de Andy e Larry) para o estrelato. Como o filme original teve um enorme sucesso, foram feitas duas sequências mas com recepções mornas pela crítica e público: ‘The Matrix Reloaded’ e ‘The Matrix Revolutions’, ambas em 2003. Agora em 2021 a diretora Lana Wachowski (sim, Lilly ficou de fora) nos entrega o quarto filme da saga com a missão tanto de agradar o público antigo do longa original como também angariar novos fãs que eram muito jovens em 1999 mas que irão comprar ingresso para esse filme outros no futuro. Incrivelmente os trailers não entregaram muito da trama mas certamente adiantaram que o casal famoso da trilogia, Neo (Keanu Reeves) e Trinity (Carrie-Anne Moss) não morreram como nos levou a crer o terceiro ato de The Matrix Revolutions. Quem não retornou – pasmem – foi o ator Laurence Fishburn pois agora o enigmático personagem Morpheus foi interpretado pelo bom Abdul-Mateen II, famoso pelo vilão Black Mamba em ‘Aquaman‘ (idem – 2018). Como não poderia deixar de ser, ‘Matrix Resurrections’ é repleto de referências ao longa original chegando a inclusive passar cenas do filme de 1999 em uma telona como se fosse um filme dentro de outro filme. A diretora e também roteirista Lana Wachowski traz um enredo que abraça sem qualquer vergonha a desconstrução do que se tornou a franquia após terem se passado mais de duas décadas, citando por exemplo a própria empresa Warner Bros. (estúdio que produz o longa) em um diálogo entre os personagens. Interessante e controversa foi também a decisão da diretora de deixar de usar a palheta de cor esverdeada – amplamente utilizada quando os personagens estão dentro da Matrix – para diferenciar o mundo criado digitalmente do real. Nada em ‘Matrix Resurrections’ é ‘preto no branco’ pois essa área cinza, ambígua e complexa é trazida constantemente para a trama – atenção para o personagem do agente Smith – o que para alguns pode ter propositadamente raiz na própria vida particular da talentosa diretora que é uma mulher transgênero.

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Crítica I Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa

Desde ‘Vingadores: Ultimato’ (Avengers: Endgame – 2019) que não se via um hype para um filme de fato tão gigantesco. Teorias sobre participações especiais, enredo, novos trajes, quem morreria são apenas alguns dos questionamentos feitos ao longo dos meses por blogueiros e websites especializados. Espertamente a Disney – a qual detém temporariamente os direitos do personagem o qual pertence mesmo a Sony – soltou muito pouco material durante esse período, deixando mesmo as grandes surpresas para o telespectador da telona (sim, o filme foi lançado somente nos cinemas e as plataformas de streaming dessa vez ficaram de fora). O fato é que muita foto ‘vazada’ do filme nesse período ao longo dos meses era de fato verdadeira, entretanto, como hoje em dia tudo é facilmente manipulável, o público não levou muito a sério (sic). Tarefa difícil foi mesmo evitar os spoilers por aqueles que realmente não queriam saber nada antes da estreia pois essas pessoas teriam que ter ficado afastadas da internet de uma forma talvez nunca ocorrida. Tudo isso teve um fim em 16 de dezembro de 2021 – sim, o filme estreou por aqui 1 (um) dia antes dos EUA -, quando o aguardado ‘Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa’ foi finalmente lançado no Brasil, quebrando recordes de ingressos antecipados e causando dificuldades nos servidores que hospedavam a venda desses tickets.

Dirigido mais uma vez pelo linear Jon Watts, ‘Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa’ começa exatamente quando o anterior termina, onde Peter Parker tem que lidar com as sérias consequências de ter sua identidade revelada para o mundo pelo vilão Mistério, alterando drasticamente a vida de todos que o cercam. Justamente esse fardo que amigos e familiares passaram a carregar é que de fato se apresenta como a mola propulsora do enredo escrito por Chris McKenna e Erik Sommers, onde temos um protagonista se sentindo bastante culpado pelas novas dificuldades criadas pela sua vida dupla então exposta. Nesse cenário de tristeza e culpa, Peter (Tom Holland) pede auxílio ao mago Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch já muito a vontade no personagem) que através de um feitiço mal conduzido, abre portais de um multiverso onde heróis e vilões são trazidos para a realidade do herói. Vale ressaltar que esse conceito de multiverso já foi muito bem apresentado pela animação ganhadora de Oscar, ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ em 2019, aclamada pelo público e crítica.

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Crítica I Eternos

Se já é difícil transpor dos quadrinhos para a telona alguma história (com competência) de um herói conhecido do grande público, imagine agora a complexidade de introduzir 10 (dez) meros desconhecidos com características tão distintas. Bom, essa é a árdua missão da diretora chinesa Chloé Zhao em ‘ETERNOS’, filme do universo da MARVEL mas que rompe drasticamente com o formato já conhecido da ‘casa das ideias’ que vinha dando certo – e lucros – ao longo de 13 anos com incríveis cifras em relação à bilheteria mundial. Os ‘ETERNOS’ foram criados por Jack Kirby e fizeram sua primeira aparição em ‘The Eternals #1′ em julho de 1976 e com exceção dos aficionados por quadrinhos, essa equipe de heróis é bastante desconhecida até por quem gosta do tema. Esse time de heróis foi concebido pelos seres intergalácticos e incomensuravelmente poderosos chamados de Celestiais com a intenção de proteger os habitantes da terra (e de outros mundos) dos vilões Deviantes, criaturas que mais se assemelham a dragões alienígenas que vêm criando problemas desde o início da criação de nosso mundo. Sim, como o próprio nome indica, os Eternos não envelhecem e acompanham a história da humanidade como meros observadores, com ordens de não interferirem nas questões humanas como guerras e fome a não ser que estas tenham alguma relação com os Deviantes.

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Crítica | Venom: Tempo de Carnificina

O primeiro ‘Venom’ (idem – 2018) inaugurou justamente a seção Críticas em nosso espaço virtual – a qual você pode conferir aqui – pena que com um longa feito às pressas e repleto de problemas. Entretanto, o ‘carisma’ do famoso antagonista do Homem-Aranha era tão grande que o longa, pasmem, foi um grande sucesso de bilheteria arrecadando cerca de mais de U$ 850 milhões ao redor do mundo e claro, uma sequência era inevitável. Agora, em outubro de 2021, chega às telonas ‘Venom: Tempo de Carnificina’, longa com maior orçamento e desejando repetir o sucesso comercial do filme original, levando-se em conta, obviamente, o período de restrição e distanciamento das poltronas das salas de exibição imposto ainda pelo Covid. ‘Venom: Tempo de Carnificina’ é uma continuação direta do anterior e agora temos a oportunidade de vermos mais da dinâmica entre Eddie Brock (Tom Hardy) e o alienígena Venom, tentando coabitar o mesmo corpo com personalidades tão distintas. É justamente esse caso de amor e ódio que resulta o maior acerto de ‘Venom: Tempo de Carnificina’, pois o ator Tom Hardy consegue imprimir um humor na medida certa o que rende vários e divertidos diálogos entre ambos.

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Crítica I 007 – Sem Tempo para Morrer

Se você não mora em Marte ou não é extremamente novo, deve saber quem é James Bond, o agente secreto 007 com licença para matar criado por  Ian Fleming em 1953. A estreia do agente britânico na telona ocorreu em 1962 na pele do ator Sean Connery  (1962–1967-1971/1983) e chegamos ao 25° filme da franquia com o ator Daniel Craig no papel principal. Craig inaugurou um Bond da era moderna com o perfeito ‘Cassino Royale’ (idem – 2006) trazendo um agente visceral e mais realista, usando tudo ao seu alcance para vencer seus adversários com rapidez, violência e muito carisma. As feições do ator Daniel Craig não são afiladas e harmônicas (apesar de seus icônicos olhos azuis) e justamente essa masculinidade palpável, sendo um homem mais real, aliado a roteiros que não fazem de Bond um Super-Homem, trouxe ao personagem mais credibilidade e seriedade o que agradou em cheio ao maduro público dessa geração. Sem nenhum segredo, ‘007 – Sem Tempo para Morrer’ será a última encarnação de Bond feita por Craig, onde o ator por diversas oportunidades, de fato, confirmou que estaria deixando a franquia após este filme. Dirigido pelo competente  Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation – 2015), o longa ‘007 – Sem Tempo para Morrer’ é uma continuação dos eventos ocorridos nos filmes anteriores de Daniel Craig ao passo que também traz inúmeras referências e homenagens às produções de décadas passadas, razão pela qual a experiência completa se dará quando o expectador pelo menos acompanhou a jornada iniciada em ‘Cassino Royale’ (idem – 2006) pois, caso contrário, este estará apenas assistindo a um excelente filme de ação.

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Crítica I Tempo

Baseado – mas com muita liberdade criativa – nos quadrinhos ‘Castelo de Areia’ (Sandcastle – 2011), dos franceses Pierre Oscar Lévy e Frederik Peeters, ‘Tempo’ é o sexto filme do controverso diretor (e aqui também roteirista) M. Night Shyamalan. Inicialmente avesso à adaptações, nesse caso o diretor teria aberto uma exceção pois segundo palavras deste “a obra tinha uma cadência veloz que me interessava e falava das coisas em que eu estava pensando. Então veio no tempo certo”. A premissa é interessante onde em uma praia secreta, alguns hóspedes de um resort exclusivo percebem que naquele local o tempo passa muito rapidamente, acelerando o envelhecimento de todos indiscriminadamente. Inspirado certamente por Hitchcock que adorava fazer pontas em seus filmes, aqui, M. Night Shyamalan faz bem mais que uma participação, desempenhando um papel relevante justamente em momentos chaves do longa, tanto em seu início como no terceiro e fraco terceiro ato. As questões derivadas desse problema do tempo desperta o melhor e o pior dos desafortunados aprisionados naquele local onde ao passo que tentam entender o que está ocorrendo, estes buscam desesperadamente um meio de sair daquele cativeiro natural cercado por rochas e um mar revolto sem entretanto nunca deixar claro onde se localiza aquele cenário.

A desorientação dos protagonistas – sim, não existe um único destaque – é reforçada pela câmera do diretor que propositadamente se desloca, ora desfocando os atores em cena e mostrando-os apenas em detalhes, ora, se movendo lentamente tentando acompanhar o caminhar ou o ângulo de visão de algum deles. O elenco, apesar de competente e contanto com nomes como Gael García Bernal, parece ter sofrido com o roteiro que foi 50% aproveitado da Graphic Novel e 50% criado originalmente notadamente em relação ao seu desfecho. O fato é que não nos importamos em nenhum momento com o que acontece com os personagens, suas angústias e dilemas e o telespectador basicamente se restringe a tentar entender o que de fato está havendo naquele paradisíaco e perigoso local. O tempo, que funcionaria com a mola propulsora da trama, é mediocremente retratado onde vemos o seu efeito de envelhecimento afetar fisicamente poucos personagens, ignorando a maquiagem e demais consequência, pasmem, no restante do elenco. Um determinado Rapper, também aprisionado naquela praia, simplesmente não apresenta durante o longa qualquer sinal de envelhecimento mesmo este já estando lá há muito mais tempo que os demais personagens. As crianças que crescem rapidamente deixam a dúvida se elas possuem ainda a mentalidade de criança em um corpo de adolescente ou se a ‘maturidade’ também acompanharia o crescimento físico, já que a sexualidade é abordada fartamente no longa. Essa dubiedade compromete em parte a atuação dos diferentes atores que interpretam os mesmos personagens e faz com que o telespectador saia do foco da trama para tentar encontrar a resposta para esses pequenos, constantes e desnecessários questionamentos.

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Crítica | Velozes e Furiosos 9

Ninguém imaginava (incluindo o próprio estúdio, elenco e produtores) que o filme de baixo orçamento ‘Velozes & Furiosos’ (Fast & Furious – 2001) dirigido por Rob Cohen renderia tantas continuações (e grana), contanto com uma nona sequencia em 2021. Sim, a franquia de carros (será?) comemora com ‘F9′ 20 (vinte) anos de existência, algo realmente difícil de se alcançar na sétima arte. Toda essa longevidade alavancou a carreira de atores medianos como Vin Diesel (agora também produtor) e Tyrese Gibson, esse último sem conseguir emplacar uma grande atuação em nenhum de seus papeis secundários em outras produções. Impossível deixar de lembrar da morte prematura do talentoso ator Paul Walker em 2013 – por ironia em um acidente de carros – deixando uma lacuna na franquia a qual, pasmem, ainda não encontrou uma maneira de dar um desfecho honroso ao personagem Brian O’Conner, citado e recriado digitalmente nos filmes posteriores ao seu falecimento. Se fosse possível definir ‘F9’ com uma palavra, essa seria sem dúvida nenhuma, DESPRETENCIOSO. Abraçando o tom leve dos últimos filmes e priorizando a ação em detrimento do desenvolvimento e motivações dos personagens, o nono filme continua desafiando totalmente as leis da física além de tornar a complexa arte de hackear computadores e customizar veículos como algo possível de se fazer em minutos (ou segundos).

Nessa empreitada, sem nenhum plot twist, a ‘novidade’ fica por conta do surgimento do irmão de ‘Don’ Toretto interpretado pelo linear ator John Cena, que também prejudicado pelo fraco roteiro não traz qualquer motivação ou profundidade ao personagem. Dizem nos bastidores que Vin Diesel, após reais desentendimentos com o ator Dwayne Johnson – ou The Rock – em produções passadas, escolheu justamente Cena por ser o eterno rival de Rock na luta livre americana (WrestleMania) como forma de alfinetá-lo sutilmente. Antecipada pelos famigerados e reveladores trailers, foi a volta dos mortos do carismático e sempre mastigando algo, Han Lue, interpretado pelo ator Sung Kang, ‘morto’ em um acidente de carros em ‘Velozes & Furiosos – Desafio em Tóquio’ (The Fast and the Furious: Tokyo Drift – 2006) na tentativa de acrescentar alguma nostalgia ao longa. Nostalgia inclusive é o tom de ‘F9’ pois além do retorno de inúmeros personagens secundários dos filmes anteriores temos agora flashbacks constantes do jovem Don Toretto, em diversos momentos do início da sua relação com carros, família, velocidade e contravenções. O CGI do longa, por incrível que pareça, foi usado minimante pois a direção optou essencialmente por cenas reais e até quando vemos um enorme caminhão blindado girar no ar em uma perseguição, acreditamos estar diante de efeitos especiais quando de fato toda aquela ação foi planejada e executada nas ruas. Muitas das cenas de ação na telona derivaram de um artefato magnético instalado nos carros dos protagonistas, atraindo e repelindo objetos metálicos e quando isso ocorre com veículos, estes realmente estavam nas avenidas, onde o CGI fora utilizado apenas para ocultar câmeras, trilhos e demais equipamentos necessários às mirabolantes manobras.

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Crítica | Mulher Maravilha 1984

O filme ‘Mulher-Maravilha’ de 2017 foi um grande acerto da DC, lançando a até então desconhecida atriz israelense Gal Gadot ao estrelato e arrecadando belos U$ 821,8 milhões de dólares de bilheteria mundialmente, fazendo com que uma sequencia fosse inevitável. Depois de vários adiamentos por conta da pandemia, ‘Mulher Maravilha 1984’ (WW 1984 – 2020) chega aos cinemas em 17 de dezembro no Brasil e no restante do mundo em 25 do mesmo mês (sim, no Brasil as vezes acontecem essas anomalias) sendo lançado também por streaming na HBO Max na mesma data dos cinemas americanos. No Brasil em 2020, o telespectador terá que se ‘contentar’ com o cinema pois somente em 2021 a plataforma digital da HBO Max chegará por aqui, mas ainda sem data certa para isso. Vale ressaltar que recentemente a Warner Bros. revelou que 100% de seus filmes de 2021 – sem exceção – serão lançados simultaneamente no cinema e streaming fazendo dessa a mais importante notícia do cinema do ano pois certamente desencadear uma reação semelhante dos demais estúdios. A dobradinha da diretora Patty Jenkins com a atriz Gal Gadot retorna, agora com a segunda também como Produtora, em um filme leve, divertido e cheio de esperança. Logo no início do longa vemos uma sequência de ação em um shopping center do ano de 1984 (sim, o filme é ambientado nesse ano) onde o embate da heroína com os ladrões de loja se dá de forma lúdica e extremamente suave, onde a protagonista supera os malfeitores de forma natural e até bem humorada sem nunca o perigo ser um elemento vital em cena e parece ter sido essa opção do roteiro e direção pois observamos esse tônica no decorrer da projeção. Por opção da diretora, agora a Mulher Maravilha aposentou a espada e seu escudo, talvez para provar que ela pode superar os homens sem o uso de armas clássicas de guerreiros da antiguidade, pois somente seu icônico Laço da Verdade e seus inconfundíveis e poderosos Braceletes e Tiara são realmente utilizados pela heroína. A abordagem da personagem principal em relação a violência e armas utilizadas é tão distinta do primeiro em relação ao segundo filme que a impressão que dá é que tivemos dois diretores diferentes, o que, como sabemos, não aconteceu. O irônico é que ao passo que o roteiro e direção buscam fomentar o empoderamento feminino, a história mostra uma heroína que desde a Primeira Guerra Mundial (1914) até o ano de 1984 não superou a perda de seu grande amor, tendo vivido por 70 anos sem conseguir nenhuma grande conexão com a humanidade, vivendo de forma extremamente solitária e infeliz.

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